ATA DA SEXAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, EM 09-07-2015.

 


Aos nove dias do mês de julho do ano de dois mil e quinze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida por Alberto Kopittke, Bernardino Vendruscolo, Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Carlos Nedel, Jussara Cony, Kevin Krieger, Mauro Pinheiro, Paulo Brum, Prof. Alex Fraga e Tarciso Flecha Negra. Constatada a existência de quórum, o Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram Airto Ferronato, Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Dinho do Grêmio, Dr. Thiago, Elizandro Sabino, João Bosco Vaz, Lourdes Sprenger, Marcelo Sgarbossa, Mario Manfro, Nereu D'Avila, Pablo Mendes Ribeiro, Paulinho Motorista, Professor Garcia, Rodrigo Maroni, Séfora Gomes Mota, Sofia Cavedon e Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: o Projeto de Lei do Legislativo nº 138/15 (Processo nº 1484/15), de autoria de João Carlos Nedel; e o Projeto de Lei do Legislativo nº 101/15 (Processo nº 1181/15), de autoria de Professor Garcia. A seguir, o Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, a Plinio Marcos Rodrigues Pinto Soares, Diretor de Finanças do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculo de Diversões no Estado do Rio Grande do Sul – SATED/RS –, que discorreu sobre a instituição. Em continuidade, nos termos do artigo 206 do Regimento, Rodrigo Maroni, Tarciso Flecha Negra, Sofia Cavedon, Fernanda Melchionna, Jussara Cony, Guilherme Socias Villela e Airto Ferronato manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Os trabalhos foram suspensos das quatorze horas e quarenta e cinco minutos às quatorze horas e quarenta e nove minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se Tarciso Flecha Negra, Professor Garcia e Bernardino Vendruscolo. Em prosseguimento, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do Requerimento nº 048/15 (Processo nº 1073/15), a registrar o transcurso do vigésimo aniversário da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo. Compuseram a Mesa: Mauro Pinheiro, presidindo os trabalhos; Ivone Bolico da Silva, Diretora da Escola; Eliane Maleti, representando a Secretaria Municipal de Educação; Regina Scherer, ex-Diretora da Escola; Aline Albertin da Rosa e Clarice Vieira Benvenutti, Vice-Diretoras da Escola; Cassiane de Almeida, aluna da Escola; e Jorge Oliveira, Presidente da Associação de Moradores da Vila Monte Cristo. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se Prof. Alex Fraga, Elizandro Sabino, Sofia Cavedon, esta em tempo cedido por Marcelo Sgarbossa, Jussara Cony e Clàudio Janta. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se Sofia Cavedon e Jussara Cony. Após, o Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I e II, a Ivone Bolico da Silva e Regina Scherer, que se pronunciaram sobre o tema em debate. A seguir, o Presidente convidou Prof. Alex Fraga a proceder à entrega, a Ivone Bolico da Silva, de Diploma alusivo à presente homenagem. Os trabalhos foram suspensos das dezesseis horas e dez minutos às dezesseis horas e quatorze minutos. Em COMUNICAÇÕES, pronunciou-se Dr. Thiago. Em continuidade, foi iniciado período destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a tratar de vigilância em saúde. Compuseram a Mesa: Mauro Pinheiro, presidindo os trabalhos; e Anderson Araújo de Lima e José Carlos San Giovanni, Coordenador e Coordenador Adjunto, respectivamente, da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde. Após, o Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I e II, a Anderson Araújo de Lima, que se pronunciou sobre o tema em debate. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se Sofia Cavedon, Fernanda Melchionna, Clàudio Janta e Alberto Kopittke. A seguir, a Presidenta concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, a Anderson Araújo de Lima. Os trabalhos foram suspensos das dezessete horas e vinte minutos às dezessete horas e vinte e um minutos. Após, foi apregoado o Memorando nº 011/15, de autoria de Reginaldo Pujol, deferido pelo Presidente, solicitando representar externamente este Legislativo, no dia nove de julho do corrente, em visita de retomada da obra de educação infantil Moradas da Hípica, às quatorze horas, na Rua Francisca Prezze Bolognesi, em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se Clàudio Janta. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 058/15 e o Projeto de Resolução nº 002/15; em 2ª Sessão, os Projetos de Resolução nos 003 e 026/15. Durante a Sessão, Prof. Alex Fraga e Sofia Cavedon manifestaram-se acerca de assuntos diversos. Às dezessete horas e vinte e sete minutos, o Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os vereadores para a sessão ordinária da próxima segunda-feira. Os trabalhos foram presididos por Mauro Pinheiro e Jussara Cony e secretariados por Paulo Brum. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo 1º Secretário e pelo Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Tribuna Popular de hoje terá a presença do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculo de Diversões no Estado do Rio Grande do Sul – SATED/RS, que falará acerca da instituição. O Sr. Plinio Marcos Rodrigues Pinto Soares, representando o SATED, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. PLINIO MARCOS RODRIGUES PINTO SOARES: Boa tarde, Presidente; boa tarde colegas de profissão e amigos artistas aqui presentes; boa tarde Srs. Vereadores e funcionários desta Casa; boa tarde aos companheiros do Sindicato dos Artistas, colegas de luta e boa tarde aos que estão assistindo a TV Câmara. Essa fala aqui nesse espaço democrático que é a tribuna popular vem de um trabalhador, um artista porto-alegrense que vem vendo seus espaços de trabalho minguarem em uma velocidade impressionante na nossa cidade. O Teatro de Câmara Túlio Piva, está fechado, fechado a mais de um ano, as informações acerca de sua reforma e reabertura são parcas e contraditórias. A ameaça de demolição ainda paira sobre teatro no ano que deveria ser de comemorações ao centenário do músico que dá nome ao espaço. O Teatro Elis Regina, localizado na Usina do Gasómetro é uma incógnita infinita, ninguém sabe se ele está pronto ou não. Se está, por que não é inaugurado, e quando for inaugurado, quais artistas poderão se apresentar nele. A Cia de Arte passou um bom tempo desse primeiro semestre fechada, e só foi reaberta graças à mobilização da atual diretoria em conjunto com os artistas que a utilizam. As salas ocupadas pelos grupos residentes no projeto Usina das Artes, mesmo com parcas condições de estrutura, nos é uma alternativa, porém o projeto também é foco de discussão e vem perdendo força ano a ano, mesmo com a defesa ferrenha dos artistas ali alocados. Nos restam as salas do Centro Municipal de Cultura: O Teatro Renascença e a Sala Álvaro Moreyra, que logicamente não dão conta da imensa demanda que um povo tão produtor de cultura como o nosso lhes apresenta. Temos então absurdos como temporadas para Teatro com três finais de semana ou temporadas para dança com três apresentações apenas.

Mesmo se tratando de outra esfera, mas para ajudar a ilustrar o deserto em que nossa Cidade vive culturalmente, os aparelhos culturais do Estado situados na Capital também deixam muito a desejar: na Casa de Cultura Mario Quintana temos a sala Carlos Carvalho fechada e o Teatro Bruno Kiefer funcionando mal e porcamente, mesmo com a dedicação de um único técnico para todo o centro cultural. O Teatro de Arena está entregue às moscas e sem pagar o prêmio de ocupação para os grupos vencedores da edição de ocupação do ano passado. O Teatro do IPE esquecido, abandonado, e o Theatro São Pedro ainda é inacessível para a maior parte dos nossos agentes culturais devido ao alto custo para sua utilização. Claro que nós temos uma qualificadíssima produção do teatro chamado de Rua, mas fazer espetáculos na rua deve ser uma opção, não uma obrigação.

Essa introdução catastrófica vem acompanhada de um pedido para essa casa, pois no ano passado, 2014, a classe artística porto-alegrense vislumbrou uma luz no fim do túnel com a I Mostra de Artes Cênicas e Música do Teatro Glênio Peres. Foram mais de uma dúzia de espetáculos de circo, dança, música e teatro que ocorreram aqui na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, sendo que o edital, público, teve mais de 50 inscrições. Os artistas receberam ajuda financeira, tiveram seus trabalhos dignificados e tornaram viva e visível essa boa sala de espetáculos que é o Teatro Glênio Peres, dando sentido assim ao nome Teatro, que vazio é só uma sala morta, mas ganha vida quando permitimos a troca entre artista e público. A mostra também aproximou fisicamente a população de Porto Alegre da Câmara de Vereadores.

Porto Alegre aprovou no dia 8 de outubro de 2014, a LDO para 2015, enviada pelo Executivo. Das sete emendas apresentadas por parlamentares, quatro também foram aprovadas, entre elas a Emenda nº 05, de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon, que dispõe sobre a realização da Mostra de Artes Cênicas, Música e Dança do Teatro Glênio Peres da Câmara Municipal de Porto Alegre, por meio da inscrição de projetos para a seleção de espetáculos na área de dança, circo, música e teatro, visando à realização das apresentações em datas que serão oferecidas no ano de 2015.

Até a data de hoje, e já adentramos o segundo semestre do ano de 2015, tal edital ainda não foi publicado. Em reunião com o presidente da Casa, Ver. Mauro Pinheiro, o Sindicato dos Artistas pediu o lançamento do edital ainda no primeiro semestre, mas não foi atendido. Nesta semana, em nova audiência com o Presidente, foi informado ao sindicato que os banheiros da casa estavam em reforma, o que inviabilizaria o lançamento do edital. Não concordamos com essa justificativa. Não aceitamos que mais um espaço cultural seja transformado em canteiro de obras. Foi feita uma emenda: R$ 160 mil para realização dessa mostra. Essa mostra disponibilizará espaço que, como já foi demonstrado, é hoje o calcanhar de Aquiles da nossa produção cultural. Essa mostra proporcionará uma fruição de bens culturais de forma gratuita para toda a sociedade porto-alegrense. Se existe uma maneira dos nossos representantes, os Srs. Vereadores, amenizarem a maneira desrespeitosa que a cidade de Porto Alegre tem tratado seus artistas, o Sindicato que representa essa classe pergunta: Qual o problema desta Casa com os artistas locais? Por que, depois de nos acenarem com um bom local de apresentações, esta Casa vem nos tirar o pão da boca? Se existe nesta Casa algum Vereador que tenha solidariedade com a luta dos artistas, eu peço que venha para o nosso lado e que defenda a realização da mostra, que não deixe morta uma sala de espetáculo que pode trazer arte, debate, reflexão, enfim, cidadania à cidade de Porto Alegre.

O Sindicato dos Artistas e Técnicos do Estado do Rio Grande do Sul agradecerá este espaço de direito que é a tribuna popular, se algo for feito e não perdemos mais nenhum espaço destinado a apresentações artísticas na nossa Cidade. Não aguentamos mais mimimi da falta de dinheiro. Temos produtos artísticos de alta qualidade e exigimos o nosso direito de compartilhá-los com a sociedade. O Sindicato dos Artistas se propõe a ajudar na produção executiva da mostra, se for o caso. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Obrigado, Sr. Plinio. Convido o Sr. Plinio a fazer parte da Mesa. O Ver. Rodrigo Maroni está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RODRIGO MARONI: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, uma saudação ao Plinio, diretor do SATED, ao Fábio, meu amigo pessoal, assim como o irmão dele, e queria dizer que tive uma participação breve, quando conheci o Fábio, no mundo artístico, quando fiz o Tepa e a gente se apresentou no Teatro Túlio Piva, em 1999, e, naquela época, como ativista e como militante social, já tínhamos todas essas questões que tu colocastes aqui. Eu estava comentando com o Luciano e com o Fábio, e é por isso que é bom ver artistas como vocês que, na verdade, nada mais são do que, alem de artistas, ativistas da causa. Porque o que justifica uma pessoa na arte é só a causa e a paixão, financeiramente vocês estão sempre com a colcha curta e correndo atrás. Mas o mais lamentável é quando há retrocesso, por exemplo, quando os teatros estão fechados.

Tu falaste da Usina do Gasômetro, eu tive uma experiência, antes de assumir como Vereador, quando fui estagiário da Margarete Moraes, Secretária da Cultura do Município por 12 anos, que, na época, discutíamos políticas públicas da Cultura e, infelizmente, são poucos, mesmo a Margarete no próprio Governo reconhecia, os governos que olham para a Cultura como algo importante. Por isso que a colcha de vocês sempre vai ser curta, por isso eu acho que a reivindicação de vocês é sempre necessária e tem que ter o apoio de todos os Vereadores desta Casa, assim como da população em geral.

É fundamental a visibilidade para a falta de cultura que se tem hoje para as pessoas perceberem o quanto importante vocês são para a sociedade. Parabéns pela presença de vocês na Tribuna Popular desta Casa, onde a Ver.ª Sofia e o Professor Garcia foram os responsáveis pela última mostra, aqui, no Teatro Glênio Peres, e dizer que estamos juntos nessa, junto com a Ver.ª Sofia, e espero que o Presidente Mauro, que é uma pessoa sensível, tenho certeza, vai acatar e receber essa demanda de vocês que é fundamental. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Obrigado, Presidente. Cumprimento o Sr. Plinio, o Fábio que conheço há bastante tempo, em nome do PSB quero dizer que estamos nessa luta com vocês, porque eu acho que a cultura, o esporte, não têm bandeira, mas sim o bem-estar de uma sociedade.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Presidente Mauro, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras; quero cumprimentar a Escola Monte Cristo que tem uma tradição na área da cultura muito importante, sabe do que nós estamos tratando aqui, porque levaram Porto Alegre em Cena várias vezes para o seu espaço, construíram espaço cultural, possui comissão cultural; Plinio e nossos representantes do SATED; Vereador-Presidente, V. Exa. sabe bem dessa pauta, uma pauta que tenho um amor especial, temos lutado junto com os artistas para que não se perca os espaços culturais e que as políticas, Vereador-Presidente, para a cultura sejam permanentes. O que acontece é que a cultura, normalmente, tem um projeto, depois, no ano que vem não tem; tem num semestre e depois não tem e assim são, infelizmente, muitas políticas e por isso nós nos preocupamos em construir a Mostra Permanente do Teatro Glênio Peres, que é uma lei assinada, na Legislatura de 2012, pela Mesa Diretora do Ver. Dr. Thiago – ou Ver. Mauro, agora eu não lembro – e só foi possível no ano passado, porque esta Casa, na verdade, tem dificuldades, porque o fim da Casa não é esse. Só que a exemplo da Assembleia Legislativa, do Senado, que tem inclusive tv com Senado e Câmara Federal com muito cultura, Presidente. Nós temos responsabilidade também, quem nos antecedeu construiu o Teatro Glênio Peres, o Glênio Peres foi um Vereador dedicado à área cultural, e por isso essa homenagem. Então a nossa expectativa é que o Presidente está tentando superar questões burocráticas da Casa. Porque aqui não tem um espaço para funcionários, está criando alguns cargos novos, a gente teve dificuldade com a questão técnica. E nós ainda temos muita expectativa que a Câmara assuma como permanente, como tem outros programas culturais nesta Casa, que se tornou um espaço de fomento, de acolhimento da arte. Vereador-Presidente, eu quero sugerir uma reunião, até comentei com o Breno, com a Secretaria Municipal de Cultura, que daqui a pouco nós podemos fazer uma parceria com o SATED e realizar mostras, com menos envolvimento possível de funcionários, mas com os próprios artistas, e realizar mostras com o setor administrativo dando suporte. Quero fazer essa sugestão. Acho que a Cidade merece. Os artistas estão muito entristecidos com vários espaços fechados. Cumprimento o Fábio, o Luciano e o Plinio que são representantes de artistas que, além de estarem no palco – eu não consegui entrar no Gato de Botas, de tão lotado, Plinio -, lutam pela cultura diuturnamente. Eu fico muito emocionada. Esse teatro tem que estar cheio de gente e de artistas. Tenho certeza que o Presidente tem como encaminhar e superar as dificuldades que tivemos no primeiro semestre. Parabéns pela luta dos artistas de Porto Alegre.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, quero cumprimentar nosso querido amigo e companheiro do SATED, o Plinio e todos os artistas, o Luciano, a Rosa, todos que nos acompanham, os colegas da Escola Monte Cristo que em breve vão receber uma homenagem proposta pelo nosso colega Alex Fraga, em que eu também falo no nome, e dizer do nosso apoio à luta de vocês. Os artistas sabem que nós temos apoiado as reivindicações em prol da cultura ao longo desses anos, tanto no Município, como no Estado e no Brasil. A luta por um orçamento real e que permita que a cultura tenha investimentos. Infelizmente, nós temos menos de 1% dos orçamentos no Município. No Estado é pior ainda, é 0,05% do orçamento destinado à cultura. E nós vemos esse marasmo no que diz respeito às obras existentes. O Teatro Elis Regina é uma incógnita, não se sabe em que pé está a obra e por que não está sendo devolvido esse espaço para a cidade de Porto Alegre. O próprio Teatro Túlio Piva que precisa de uma série de reformas e melhorias para que funcione a pleno vapor. E a construção de novos teatros, esse é o tema. Desde a década de 70, a gente não vê um investimento massivo na tentativa de construir novos teatros, não que lá tivesse, também não, mas estamos parados do ponto de vista do avanço do teatro. Acho que teve uma conquista importante na Cidade, que foi a Lei do Artista de Rua - acho importante reafirmar que esta Câmara aprovou, é lei no Município de Porto Alegre, sancionada e é uma importante conquista que deve seguir no nosso Município, porque permite que milhares de pessoas tenham acesso à produção de arte, sendo interrompidas no seu cotidiano, pelo teatro, pela música, pela dança, pelas várias formas de expressões que a arte tem. E também a Mostra no teatro Glênio Peres, que foi muito interessante, reunindo 50 projetos, dos quais 14 foram selecionados, valorizando a produção artística e, mais do que isso, oferecendo outros instrumentos para a cidade de Porto Alegre. A Câmara também é parte desta luta por mais direitos; sobretudo, por mais acesso aos bens artísticos e culturais. Então, vocês têm nosso apoio integral, meu e do Ver. Prof. Alex Fraga – estaremos juntos em muitas lutas, inclusive na segunda-feira, durante a votação do Plano Municipal de Cultura.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro ): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Primeiro, quero cumprimentar Vossa Excelência, Ver. Mauro Pinheiro, do qual tenho a honra de ser segunda Vice-Presidente na Mesa Diretora. Digo isso porque, neste Plenário, em Tribuna Popular, há desdobramentos estratégicos importantes para resolução das questões. Sem dúvida nenhuma, a Mesa Diretora, liderada pelo Mauro, está à disposição para buscarmos esta resolução. Cumprimentando o Plinio Marcos Rodrigues Pinto Soares, Diretor do SATED, cumprimento o Fábio Cunha, Presidente, e a Sra. Rosa Velho, que é uma referência para todos nós na luta da Cultura. Acho que temos que pensar exatamente como tu colocaste na tribuna. Na minha concepção, há uma involução da efervescência cultural, por conta da cultura não estar sendo prioridade na Cidade. Porto Alegre é uma cidade que precisa voltar a ter sua dinâmica, sua alegria e entender o significado da cultura, sob o processo da democracia, do desenvolvimento, da geração de emprego e renda, e, fundamentalmente, sob o ponto de vista da soberania nacional. A cultura é ligada justamente com a nossa soberania e com o que nós significamos, porque ela é fruto do quê? Qual é a maior riqueza da Nação brasileira? E nós somos parte desta nação; é a nossa diversidade humana e cultural; então esta efervescência toda não pode ficar por conta. O Poder Público tem que ter a dinâmica. O relato que tu fizeste aqui é um relato de uma pura involução. Quando tu lembras do Teatro Elis Regina, do Teatro de Câmara Túlio Piva, e por aí se vai. O Teatro de Arena que teve um papel estratégico e importante. Eu me lembro - Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto e Chico Buarque de Holanda - nós fomos tirados, na época da ditadura do Teatro de Arena que foi, também, um espaço de resistência e de redemocratização deste País através da cultura. Então, eu creio que nós temos um desafio. Acho que a Ver.ª Sofia fez um encaminhamento com o qual eu concordo, Sr. Presidente, que é o seguinte: eu acho que nós temos de trabalhar o SATED, a Secretaria Municipal de Cultura, e a nossa Câmara Municipal está nesse processo, no sentido também de dar essa dinâmica. Acho que tivemos um grande exemplo aqui ontem, quando a Câmara Municipal entrou para fazer a gestão pública, numa dinâmica envolvendo todos os Vereadores - nós também contribuímos com a nossa parte. E aí nós vamos, nesse processo interno que temos, resolvendo a questão do Teatro Glênio Peres, porque esse Teatro é um ícone da luta sob todos os aspectos. Não é por acaso que tem o Largo, não é por acaso que tem o Teatro Glênio Peres. Mas há algumas questões internas – eu sou da Mesa Diretora – que nós temos que, passo a passo, ir resolvendo. Vamos buscar resolver para, sem dúvida, em 2015 ter essa Mostra, porque isso faz parte, também, do significado da Câmara Municipal e dessa sua disponibilidade ampla em relação à Cultura.

Então, acho que vamos dar os passos significativos, e eu estou me propondo, como Vice-Presidente do Ver. Mauro Pinheiro e através da Mesa Diretora, nesse contato, se for designada de ficar nesse contato. Ou seja, nós trabalhamos em conjunto e é nesse conjunto que vocês hoje – eu tenho certeza – vêm solicitar que nós continuemos fazendo. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Guilherme Socias Villela está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. GUILHERME SOCIAS VILLELA: Obrigado, Presidente. Diretor Plinio Marcos, eu não estou aqui para fazer lembranças. Mas a minha colega, a Ver.ª Fernanda Melchionna, me fez lembrar de que existiram investimentos na década de 70 e 80, e me orgulho muito de ter, de alguma forma, fundado o Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues, o Teatro Renascença, aglutinando artes daquele centro. Mas não venho aqui para fazer recordações e, sim, para dizer que a Bancada do Partido Progressista apresenta a V. Sas. e ao Sindicato as congratulações e oferece o seu apoio para o que quiserem. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Plinio, nosso ilustre visitante, trago um abraço para ti e para as pessoas que estão contigo nesta tarde. Quero dizer da importância do relato que trazes para nós, hoje. Também, como os demais Vereadores da Câmara, em meu nome, em nome da Bancada do PSB, do Ver. Paulinho Motorista, estamos solidários e juntos nesta causa. Sei que a Câmara estará conosco também. Um abraço.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Agradecemos a presença do Plinio e a dos demais artistas. Felizmente, a nossa Casa também está em obras, Ver.ª Sofia; temos uma reforma que iniciou já na presidência do Ver. Professor Garcia, uma licitação da reforma de todos os banheiros. Os dois banheiros, tanto o público do Teatro quanto o interno, do camarim, estão em obras. Então, estamos impossibilitados de...

 

(Manifestação na galeria.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Foi hoje? Então, menos mal.

 

(Manifestação na galeria.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Ninguém está dando desculpas. Se tu não te comportares, aí podemos rever a situação. Eu conversei ontem com o Presidente, inclusive pedi a ele contato com outra pessoa. Nós temos muita coisa para fazer na Casa. Passamos um contato direto para ele tratar. Ele devia ter falado que a obra terminou e que foi entregue a chave ontem, porque, aí, saberíamos. Ontem, conversei com ele e passei para ele tratar direto com a pessoa responsável. Se a obra já terminou, vamos fazer o edital e tratar do assunto. Agora, se o senhor se comportar; senão, podemos rever a nossa situação. Muito obrigado. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h45min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro – às 14h49min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, quero cumprimentar a Escola Municipal de Ensino Fundamental Monte Cristo pelos seus 20 anos, parabéns. Aproveito esta oportunidade para fazer um convite importantíssimo: o PSD Mulher convida todas as mulheres, todos para, no sábado, participarem do seminário “A Saúde e a Beleza da Mulher Negra”. Será no dia 11, sábado, às 9h30min, no Plenário Ana Terra, Câmara de Vereadores, na Av. Loureiro da Silva. O seminário, organizado pelo PSD Mulher, de Porto Alegre, tratará da beleza e da saúde da mulher negra e contará com uma palestra sobre a doença anemia falciforme, que as mulheres negras, assim como nós, homens negros, podem ser portadoras, assim também a diabete, a hipertensão. Então eu gostaria de convidar todos, porque é algo muito importante. Uma palestrante vai falar sobre a doença e outras pessoas vão exibir aqui a beleza da mulher negra.

Gostaria também de dividir com todos que, nesta manhã, gravei um programa na tevê juntamente com Everton Gimenis, presidente do SindBancários, em que discutimos a Lei do Biombo, de minha autoria. A Lei do Biombo está sendo chamada de “saidinha de banco”. Na TVCâmara, parece que na terça-feira, vamos falar sobre a Lei do Biombo. O que nós, usuários dos bancos, temos direito. E como é importante essa lei para todos nós – essa lei não é minha; é nossa, é dos usuários dos bancos –, para todas as pessoas que trabalham dentro do banco, os vigilantes, todos os funcionários.

Aproveito que estou vendo bastantes mulheres presentes aqui, convido-as para que compareçam ao seminário, que será muito importante para as mulheres, pois a doença está aí e, às vezes, não temos conhecimento. Quero parabenizar, novamente, o Alex e a Escola Fundamental. Parabéns à educação! Obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, público que nos assiste; quero aproveitar a presença do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio Grande do Sul – SATED, que está hoje aqui no Plenário, para falar ao seu Presidente, Fábio Cunha, que recentemente nós abordamos sobre esse tema que vou expor agora aqui, que é sobre a questão do som amplificado no Centro da Cidade. Diversos moradores e empresários têm reclamado que a situação está insustentável. O que eu entendo é que não é oito, nem oitenta: nós não devemos nem excluir, nem devemos deixar como está. Acho que somos maduros, como o Sindicato, os artistas também o são. A sociedade também entende da importância dos artistas, mas temos que chegar a um denominador comum. Por isso, naquela reunião onde conversamos contigo, sugerimos que promovêssemos um debate na Comissão de Educação, Cultura e Esportes – CECE, para ver que rumo podíamos dar a esses segmentos.

Há toda uma movimentação, principalmente, nas empresas próximas, ali no entorno da Rua da Praia com Av. Borges de Medeiros, e em alguns segmentos localizados na Av. Voluntários da Pátria... Que bom, o Fábio nos acena dizendo que é importante também, porque nós temos que chegar a um denominador esse aspecto. O que não pode é haver um ranso, um cuidando do outro. E, na realidade, aqui vai uma crítica ao Executivo: o Poder Público tem que intervir e a nossa função, como Câmara, é intermediar, ouvir as reclamações de um segmento e de outro e ver de que forma podemos construir isso. Então nós vamos agendar, esperamos contar com a presença do SATED aqui, e a SMIC é peça fundamental nesse processo. É como eu sempre digo: quando dão essas crises, todos são penalizados, e não é por aí, eu acho que nós temos que ter é o bom senso no encaminhamento do diálogo. Eu quero já deixar de público isso, alguns Vereadores sabem que já abordei esse tema recentemente, conversamos, inclusive, com o Prefeito, que recebeu a correspondência dos empresários que se sentem magoados, que não conseguem trabalhar.

Aproveito esse meu tempo final para parabenizar o Ver. Prof. Alex, por homenagear a Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo pelo transcurso dos seus 20 anos. Quando foi criada, era uma escola modelo, e continua indo dentro daquela visão das escolas públicas municipais. Todas elas, ao serem construídas, tinham toda uma preocupação, seja na área do lazer... Parabenizo, principalmente, o corpo docente, porque hoje grande parte dos docentes das escolas municipais de Porto Alegre possui titulação de mestrado, doutorado, mostrando a alta qualificação dos nossos docentes. Quem lucra com isso, na realidade, é a cidade de Porto Alegre, com as suas 96 escolas municipais. No próximo ano, vamos ter um divisor de águas. Poucos têm falado nisso, que, a partir do ano que vem, todos os pais serão obrigados a matricular os seus filhos com quatro anos de idade nas escolas. Não vi, até agora, as escolas estaduais fazerem algum movimento no sentido da possibilidade de oferecer vagas. O Município de Porto Alegre vai ter que oferecer vagas, e eu não sei a previsão de quantas crianças serão incluídas no sistema, mas me preocupo muito porque esse ingresso, a partir dos 4 anos, para o ano que vem, é obrigatório por lei federal, sendo que se os pais não matricularem seus filhos, podem ser presos. É uma nova visão. Na realidade, são encargos que estão se passando, e eu prevejo isso como uma municipalização do ensino, que terá que ser discutida a médio e longo prazo, porque, daqui a alguns anos, talvez o Município de Porto Alegre, numa visão inversa do que é hoje no Estado, terá uma grande concentração de alunos na rede pública municipal e poucos alunos na rede estadual. Ou seja, um afastamento do Estado, principalmente, no Ensino Fundamental, baseado na questão da Constituição, que diz que o Ensino Fundamental é uma obrigação do Município, que o Ensino Médio é uma obrigação do Estado, e que o Ensino Superior é por conta da União. Trago esse relato...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ontem, mais uma vez, nós tivemos uma reunião da CPI que investiga a aplicação dos recursos públicos no Acampamento Farroupilha. Quero fazer uma crítica ao Conselho Regional de Contabilidade, que, ontem, esteve aqui e não disse a que veio. E o Ver. Cecchim tem razão, o Conselho Regional de Contabilidade não foi convidado a participar desta Comissão para construir galpões; foi convidado porque tem, tecnicamente, conhecimentos para nos ajudar na contabilidade sobre a aplicação dos recursos públicos.

Para finalizar, estão aqui novamente os guias de turismo. O projeto, de minha autoria, foi aprovado; depois foi vetado, e o Governo se comprometeu em apresentar um projeto, uma sugestão aos Vereadores para que pudéssemos atender, minimamente, esses profissionais, que são os guias de turismo, e até hoje não o fez. Esta Casa assumiu esse compromisso, se o Secretário do Município não tem vergonha, eu tenho!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Feito o registro, Ver. Bernardino.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje, este período é destinado a assinalar o transcurso do 20º aniversário da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo, nos termos do Requerimento nº 048/2015, de autoria do Ver. Prof. Alex Fraga. Convidamos para compor a Mesa a Sra. Ivone Bolico da Silva, Diretora; a Sra. Eliane Maleti, representante da Secretaria Municipal de Educação; a Sra. Regina M. D. Scherer, primeira Diretora da Escola; a Sra. Aline Albertin da Rosa, Vice-Diretora; a Sra. Clarice Vieira Benvenutti, Vice-Diretora; a Srta. Cassiane de Almeida, aluna desde a Educação Infantil-Jardim até o momento, C32; o Sr. Jorge Oliveira, Presidente da Associação de Moradores da Vila Monte Cristo.

O Ver. Prof. Alex Fraga, proponente desta homenagem, está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PROF. ALEX FRAGA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero fazer uma saudação especial aos alunos e professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo. Sra. Regina Scherer, primeira Diretora da Escola, e aí o resgate histórico fundamental, precisamos rememorar a história. Ao vivenciarmos ou revivenciarmos o que já passou, de certa forma nós manifestamos o nosso apreço por todas as pessoas que nos antecederam. E isso é fundamental: a valorização dos profissionais que passaram pelas instituições, o resgate da história, da vivência, das lutas e das conquistas daqueles que há tempos conseguiram fazer avançar muitos dos direitos e das conquistas que a nossa sociedade, a duras penas, muitas vezes trouxe para junto de si.

Falando nisso, homenageio também o Sr. Jorge Oliveira, Presidente da Associação da Vila Monte Cristo, porque sem luta não há conquista. Isso é fato! Precisamos, muitas vezes, a duras penas, encarar longas batalhas, mobilizar a comunidade para ter conquista. O Orçamento Participativo e a mobilização da comunidade em 1992 garantiram a conquista da instalação da Escola Vila Monte Cristo lá no Bairro Vila Nova. E lá se vão 20 anos. Parabéns pela luta! Os demais componentes da Mesa também cumprimento e em especial a Cassiane de Almeida, representando a nova geração da Escola, do corpo discente, dos alunos, essa fatia da comunidade escolar.

Eu gostaria também de fazer uma homenagem especial, justamente pelo número limitado de vagas para composição da Mesa, às pessoas que também são muito importantes e que merecem ser valorizadas e destacadas neste momento, em especial à prof.ª Virgínia Funchal da Silva, há 20 anos em sala de aula, desde a inauguração da Escola. (Palmas.) Gente, isso é dar aula para duas gerações de alunos. Parabéns pela luta, pelo trabalho, pela dedicação a essa comunidade. Ana Paula da Silva Machado, que representa as mães e os responsáveis da comunidade escolar, faz parte do segmento dos pais no conselho, que também é peça fundamental para as conquistas. (Palmas.) O conselho escolar é o órgão máximo de deliberação; o conselho, muitas vezes, tem uma importância tão grande e, às vezes, até maior do que a própria Direção da escola, porque ali passam decisões fundamentais. Anilda Cardoso da Silva, funcionária da escola há 13 anos, com muita dedicação e comprometimento. (Palmas.)

Honra-me muito poder propor esta homenagem, porque eu vi essa escola nascer, literalmente. Eu me mudei para o bairro Vila Nova em 1989, e meus pais construíram a casa deles na Rua Atílio Supertti. A casa da minha mãe dava de fundos justamente para todo o morro, e eu via as luzes, logo que eu me mudei, do cemitério São José da Vila Nova. E, lá pelas tantas, já estávamos instalados ali, eu comecei a perceber uma movimentação, uma construção - caminhões entrando, saindo, descarregando materiais - e comecei a perceber a elevação dos prédios. O que será que é aquilo? E aí, andando pela região, eu gostava muito de andar de bicicleta, descobri que estava sendo construída ali, justamente, uma escola municipal: a Escola Municipal Vila Monte Cristo. Participei indiretamente de muitas festas, porque dava para ouvir, das caixas de som, o som dos festejos, da alegria da população confraternizando em momentos de festas juninas, final de ano; era toda aquela festa e toda aquela animação.

Então, para mim, é uma honra propor esta homenagem, e, atualmente, meu vínculo com a escola se dá através dos pleitos, das eleições. Eu sou eleitor e voto justamente na Vila Monte Cristo. Então, a cada dois anos, rigorosamente, eu volto à escola para registrar o meu voto nas urnas eletrônicas.

Parabéns a todos vocês que construíram, que fazem parte e vivem a Escola Monte Cristo. Meus parabéns e que essa luta e que esse trabalho de vocês, tão zeloso, continuem por mais muitos anos, de preferência eternamente, sé é que isso será possível. Uma boa tarde e um abraço fraterno a todos. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Elizandro Sabino está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELIZANDRO SABINO: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores; público que nos assiste através da TVCâmara; Sra. Ivone, Diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo; Sra. Eliane Maleti, representante da Secretaria Municipal de Educação; Sra. Regina, primeira Diretora da Escola; Sra. Aline da Rosa, Vice-Diretora; Sra. Clarice, Vice-Diretora; Cassiane, aluna desde a educação infantil/jardim até o momento, C32; Sr. Jorge Oliveira, Presidente da Associação dos Moradores da Monte Cristo, conhecido de alguns anos, foi conselheiro tutelar também; professores, professoras, alunos que estão nas galerias prestigiando este momento tão importante que marca o transcurso dos 20 anos da Escola Municipal Vila Monte Cristo; em primeiro lugar, eu quero parabenizar o Prof. Alex pela iniciativa, ele é professor da Rede Municipal de Ensino, teve essa brilhante iniciativa e já assinalou, no seu discurso, a sua identificação direta com a Escola, desde o início da sua jornada, como vizinho da Escola, assistindo à sua criação, fundação e existência. Quero parabenizá-lo, Prof. Alex, pela iniciativa, afinal de contas, as escolas marcam a nossa vida e essa escola marcou a vida de V. Exa, por isso eu quero deixar aqui esse registro pela brilhante iniciativa. Eu presido a Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente aqui na Câmara de Vereadores; o Ver. Prof. Alex preside a Frente Parlamentar que trata da questão da violência nas escolas. Então, temos uma grande missão que é a de lidar com essa questão que envolve criança e adolescente, que envolve a Rede de Ensino Estadual, municipal e privada. Quando fui conselheiro tutelar – por seis anos, na Microrregião 6, a qual envolve justamente a Escola Monte Cristo – por muitas vezes estive lá na escola participando de reuniões, atividades, quando convidado e, em muitas oportunidades, recebendo no Conselho professores e a orientação educacional. Tive essa experiência de lidar com eles. Gostaria de assinalar que a Escola Monte Cristo sempre foi uma referência de escola que desempenhou e desempenha um papel muito importante voltado para a educação, o ensino, a cidadania. Quero deixar os parabéns pelo trabalho desempenhado na formação. Eu moro na Zona Sul, em Ipanema, na Déa Coufal, uma rua bem próxima da Escola Monte Cristo, e tenho uma profunda admiração por seu trabalho. Deixo os parabéns pelos seus 20 anos, que não são dois dias, dois meses, duas semanas, são 20 anos de trabalho naquela região que tanto necessita de um ensino fundamental voltado para aqueles moradores, muitas vezes, carentes, com dificuldades, mas que têm na figura dos professores buscado o verdadeiro ensino que os qualifiquem a enfrentar a vida, a realidade da existência. Parabéns a vocês! Parabéns, Ver. Prof. Alex! Parabéns a Escola Monte Cristo pelos 20 anos, e vida longa na caminhada do ensino na cidade de Porto Alegre! Muito obrigado! Um abraço a todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Marcelo Sgarbossa.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, cumprimento o Ver. Prof. Alex Fraga, proponente desta homenagem, a quem agradecemos pela oportunidade de poder homenagear esta escola especialíssima da Rede Municipal de Ensino, com quem quero me somar nas homenagens; a querida Diretora da Escola, Ivone; a Eliane Meleti, representante da Secretaria Municipal de Educação; a Regina Scherer, também sempre Diretora, nossa Conselheira do Fundeb; a prezada Aline, Vice-Diretora; a Clarice, Vice-Diretora; a Cassiane, aluna desde a Educação Infantil até o momento; e o Sr. Jorge conhecido lutador Jorge, com quem sempre tivemos divergências, mas encontramos pontos em comum – podemos nos orgulhar da “montecristinho”, um construção feita na época em que eu era Secretária de Educação! Cumprimento também os nossos colegas, professores e professoras, alunos, funcionários, representantes da comunidade escolar da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo. Temos muito orgulho desta escola. Talvez, os Vereadores que não acompanham mais de perto não tenham a dimensão da importância desta escola na mudança da Rede Municipal de Ensino, na mudança na reflexão sobre a escola - ouso dizer sobre a escola brasileira - na universidade, nos debates acadêmicos, nos debates de Redes Municipais e Estaduais de Ensino e na política pública nacional, na normatização. Por que eu digo isso? Porque a Escola Monte Cristo foi a primeiro projeto concreto que buscou a radicalidade do cumprimento do que nós chamamos de princípios da escola cidadã, construídos coletivamente pelo Congresso Constituinte – o primeiro congresso na Rede Municipal de Ensino que ousou revisitar todas as nossas concepções e indicar a alteração dos regimentos escolares, que ainda eram os regimentos da ditadura militar, os regimentos das nossas escolas municipais. E a Escola Monte Cristo foi conquistada, Jorge, no Orçamento Participativo, mas depois ela foi conquistada por um projeto de vanguarda na Rede Municipal de Ensino.

Eu vou me referir, muito rapidamente, ao que a Ellen e a Mirna escrevem, elas fizeram a trajetória inicial da escola, que, talvez, alguns professores ou alunos novos não saibam. Fora a conquista no OP, é importante dizer que, em 1994, os professores que desejassem construir uma proposta nova para a escola que iria começar pediram remanejo. E o Secretário-Adjunto da Educação, professor José Clóvis de Azevedo; na época a Secretária era a Sonia Pila, com a Fátima Baierle como Supervisora de Educação – com quem eu tenho alegria de compor a minha equipe de mandato até hoje, construindo e defendendo a escola; o Silvio Rocha, que trabalha hoje em Alvorada; a Virgínia Nascimento, que está aqui também comigo no grupo; reuniram os professores interessados e propuseram que construíssem uma proposta político-pedagógica voltada às classes populares, que buscasse alternativas ao sucesso escolar e rompesse definitivamente com o estigma da repetência e da exclusão escolar. Uma escola não fechada em si mesma, que construísse uma ligação íntima com a comunidade e que propiciasse práticas coletivas, garantindo a participação de todos e todas. Nesse enunciado está a essência...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Sofia Cavedon prossegue a sua manifestação, a partir deste momento, em Comunicação de Líder.

 

 A SRA. SOFIA CAVEDON: Eu prossigo, com a compreensão dos Vereadores que estão inscritos em Comunicações, para concluir. Então, desse desafio, e do acumulado da Rede Municipal de Ensino, a Monte Cristo constrói um projeto político-pedagógico único, diferenciado. Coloca, obviamente, a partir de estudos, leituras – esse grupo foi estudar a experiência da escola plural, pois havia poucas no Brasil, que rompia com a seriação, com a mera reprovação de alunos, com a reprodução de informações sem sentido, que recebia o aluno como um todo e que radicalizava a democracia na escola.

O que eu quero falar a partir daí? Que a Monte Cristo passou a ser um laboratório de estudos. E eu me lembro – eu estava no Simpa, na época; depois, terminada a gestão no Simpa, em 1995, 1996, eu fui para a SMED – que o processo da Rede Municipal se alimentou e realimentou na experiência da Monte Cristo.

Havia visitação, relatos – e não só da Rede Municipal de Ensino, como das escolas do Estado e das escolas do Brasil.

A Escola Monte Cristo foi celeiro de reflexão, de produção, de prática, ou seja, de práxis, de uma práxis diferenciada. Eu chamo a atenção para os nossos alunos e alunas da Monte Cristo que nos orgulharam muito quando acusavam a Rede Municipal de Ensino de que não ensinava os alunos, que só passava sem ensinar, que não preparava para o Ensino Médio; e nós temos alunos da Monte Cristo que são doutores, que são formados, que foram para a universidade, que romperam, que inauguraram um novo caminho, que mostraram que era possível, sim, investir em educação de qualidade e que isso dava resultado. O que os nossos alunos da classe popular não tinham era isso – por isso, o fracasso escolar.

Eu me orgulho demais que a Monte Cristo inspirou o Regimento Referência; que o nosso Conselho Municipal de Educação referendou, o aprovou como Regimento para toda a Rede Municipal de Ensino. Eu me orgulho demais – e quero chamar a atenção – da biblioteca completamente diferenciada que a Escola Monte Cristo tem até hoje e que luta muito para manter. (Palmas.)

Não é só uma biblioteca, com não sei quantas mil fichas de pais e da comunidade, mas faz a taxação diária de jornais, de revistas, oferecendo aos professores instrumentos atualizados; é contadora de histórias, promove leitura. Esse, para mim, é o coração de uma educação, uma leitura viva, uma literatura viva.

Poderia falar dos projetos culturais. A Escola Monte Cristo tem um espaço que conquistou no Orçamento Participativo, e nunca abandonou a luta para melhorar a sua escola, para construir mais espaço, oferecer mais aos alunos.

A gente se orgulha da Feira do Livro da Escola Monte Cristo. Poderia falar de muitos aspectos, mas eu vou encerrar, dizendo que é emocionante celebrar 20 anos de uma escola quando olhamos para o Brasil, para as redes ao lado, para a própria Rede, e vemos que a educação não encontrou ainda as respostas, e nos orgulhamos de termos construído uma vanguarda pedagógica de compromisso com o direito de cada aluno e cada aluna. E o celeiro disso está, sem dúvida, na Escola Monte Cristo. Eu quero abraçar cada um e cada uma que fizeram essa história, quero parabenizá-los; que vocês continuem provocando essa Rede para que ela se enxergue e atue como tal na cidade de Porto Alegre, que não admita cortes na educação, não admita retrocessos na gestão democrática, não admita que esta Cidade não siga sendo a vanguarda que foi, através da democracia, construindo política pública, de fato, diferenciada e respeitando a dignidade do ser humano. Parabéns à nossa Rede, porque, ontem, resolvemos mais um grande problema, que era o questionamento da nossa carreira. E, nesse sentido, quero dizer que a Escola Monte Cristo tem um papel importante, militante, lutador junto com a categoria, também pela dimensão de um espaço físico adequado, de bons salários, de respeito e de dignidade para toda a comunidade escolar. Parabéns! Longa vida!

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Professor Garcia está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Desiste. A Ver.ª Séfora Gomes Mota está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. JUSSARA CONY: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu queria fazer uma relação aqui com a Cassiane de Almeida, aluna desde a Educação Infantil, passando pelo Jardim, ainda na Escola. Acho que ela é um exemplo vivo do significado da Escola Monte Cristo e a sua relação diferenciada com a comunidade. Dizendo isso, também quero cumprimentar o Jorge Oliveira, que é presidente da Associação de Moradores da Vila Monte Cristo, e a toda comunidade escolar que está aqui. Quero cumprimentar o Ver. Prof. Alex e agradecer a ele por oferecer uma oportunidade à Câmara Municipal de fazer uma justa homenagem a essa comunidade escolar e a essa comunidade da Vila Monte Cristo nos seus 20 anos. Essa escola surge de uma demanda fruto da luta da comunidade. Acho que tudo que surge da luta da comunidade, dos interesses, das necessidades objetivas, ainda mais em áreas estratégicas como educação, tem que ser referenciado porque a luta comunitária e a luta daqueles que querem garantir que as gestões ofereçam políticas públicas de qualidade é o grande significado daquilo que vem a acontecer, seja no Estado, no Município, na União. O interessante é que nesse processo todo há a construção de um projeto pedagógico diferenciado e isso, como referência para um município como Porto Alegre, é estratégico. A educação de Ensino Fundamental de um projeto pedagógico pioneiro na perspectiva de uma educação cidadã como processo de formação de homens e mulheres para uma sociedade libertária, para uma sociedade livre de todo e qualquer processo de opressão, de discriminação, de violência.

Aqui eu queria fazer uma retrospectiva do que esta Câmara aprovou, é um projeto aprovado por toda a Câmara, que é a inclusão nos currículos escolares da Lei Maria da Penha, como uma forma de nós trabalharmos nas escolas com uma concepção diferenciada na área de direitos humanos para que possamos formar novos homens e novas mulheres cujas diferenças naturais não se perpetuem em desigualdades políticas, econômicas, sociais e culturais. Então eu faço essa referência porque nós estamos num processo de querer, inclusive já há um grupo de trabalho, da Secretaria Municipal para a inclusão do estudo da Lei Maria da Penha, porque nós formamos novos homens e novas mulheres nas escolas. Acho que, na discussão do Plano Municipal de Educação, ficou muito claro, quando se forçou e se forjou essa discussão no sentido da questão de gênero, da questão das diversidades, que nós podemos ter essa escola cidadã, e vocês são uma referência nesse sentido. Quero agradecer aos professores, aos funcionários, àqueles que estiveram aqui conosco – não é, Alex? –, da Escola Monte Cristo, na discussão e na votação do Plano Municipal de Educação. O Plano Municipal de Educação surgiu de uma luta fundamental dos educadores no Congresso Municipal de Educação.

Por outro lado, acho que eu ligo um pouco, também, esse olhar e essa dinâmica de educação pedagógica diferenciado à dinâmica cultural que a escola proporciona, a qual é parte do projeto pedagógico. Há pouco nós discutimos aqui a cultura do Município de Porto Alegre, quando o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio Grande do Sul estava nesta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Jussara Cony prossegue a sua manifestação, a partir deste momento, em Comunicação de Líder.

 

A SRA. JUSSARA CONY: A cultura é parte de um processo pedagógico, e nessa escola é como referência de parte desse processo pedagógico, seja pelos saraus musicais, pelo clube de leitura, por atividades culturais, é o lúdico. Está faltando tanto o lúdico hoje na humanidade, que está oprimida pelo sistema capitalista, que desumaniza a todos. Então, esse lúdico – a própria cultura que vem das casas – vem da luta, vem da dinâmica cultural da sociedade, num processo de interação com a escola. Atividades culturais são fundamentais, porque aí é a verdadeira educação para a libertação.

Também sob a ótica do meio ambiente, temos a sustentabilidade. O que é a sustentabilidade no mundo de hoje? Porque a palavra é muito bonita, está na moda, mas a sustentabilidade é uma via de duas mãos: desenvolvimento para a sustentabilidade, mas sustentabilidade para ter desenvolvimento. Se nós olharmos todo e qualquer produto industrial, seja que produto for, a matéria-prima vem do meio ambiente. Então, ter a noção dessa via de duas mãos para termos um desenvolvimento com sustentabilidade e a preservação ambiental como um fator também de soberania nacional na educação é algo estratégico, porque serão esses novos homens e mulheres que irão dirigir a nossa Nação, a nossa Cidade para daqui a uns anos.

Também há a cultura da paz, no momento em que vivenciamos tanto ódio, tanto fundamentalismo, tanta inversão da lógica da humanização das relações humanas, seja nas nossas famílias, seja no contexto das relações dos movimentos comunitários, da sociedade e da própria escola. Acho que trabalhar a cultura para além do espetáculo e a educação como processo de transformação são dois fatores fundamentais para uma formação integral, uma formação daquele ser humano integral, porque ele vai ser fator, também, de libertação e de democracia.

Quero te dizer, Jorge, presidente da associação dos moradores, do significado da participação da comunidade, desde o momento em que demanda a escola. E essa participação, no sentido de um processo de educação para a construção de um projeto de Nação que, na nossa formação, possa ser libertador, possa ser soberano e possa ser também... Hoje nós temos a formação dos homens e das mulheres do amanhã, para a garantia de que esta Nação cumpra o seu papel histórico como um Brasil continente, um Brasil que, hoje, na América Latina, é uma referência mundial e estratégica. Também, quem sabe, para que um dia possamos, como os negros da África garantiram o seu território africano, ser aquela Ameríndia, a América Indígena, buscada com tanta luta pelos Sete Povos das Missões e por tantos outros que formaram as etnias de que nós derivamos, aliás, a nossa maior riqueza – os indígenas, os negros e os brancos. Uma escola como essa é fator, também, do conhecimento da nossa história e de quanto nós temos ainda para fazer uma outra história na garantia de uma grande América, uma América Latina que cumpra o seu papel na busca de soberania, de democracia, na busca da unidade dos povos. Eu vejo, numa escola assim, uma grande perspectiva da inversão dessa lógica capitalista, desumana, para que no tempo histórico nós possamos construir uma nova sociedade. A escola é a grande artífice do processo de uma nova sociedade. Então, longa a vida à Escola Monte Cristo e parabéns a todos vocês. Ver. Prof. Alex, muito obrigada por nos dar a oportunidade de trazer um pouco disso aqui, para esta Câmara, de onde está saindo a importante discussão do Projeto Municipal de Educação. Nós, da oposição, buscamos garantir nesse projeto o processo da conferência de educação, feita pelos educadores da nossa Cidade. Obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje é um dia especial para esta Câmara de Vereadores, nós estamos homenageando uma escola da cidade de Porto Alegre que formou e vai formar cidadãos desta Cidade, pessoas que se transformarão no futuro desta Cidade.

Esta Casa, semanas após semanas, discute leis, discute o futuro desta Cidade e hoje homenageia o alicerce da sociedade, que vem sendo a cada dia testado, subjugado. Hoje nós acordamos com uma passeata interminável na Av. Ipiranga, jovens estão caminhando a manhã inteira na Av. Ipiranga: eles, silenciosamente, vão até o Palácio da Polícia e voltam, porque, ontem, um jovem foi esfaqueado na frente do prédio da Zero Hora; ontem à noite, um jovem também foi esfaqueado na Restinga, na frente de uma escola. E vocês vivem esse dia a dia não só na Escola Monte Cristo, mas em todas as escolas de Porto Alegre. É uma luta para que os alunos fiquem nas escolas, uma luta para que os jovens fiquem dentro da escola, que a escola seja atrativa, há uma luta diária para que se mantenham verbas para que essas escolas sobrevivam, e, principalmente, há uma luta diária para que os pais participem da escola, para que não passem toda a responsabilidade da educação – cada vez mais os pais vêm fazendo isto –, a responsabilidade de criar os filhos à escola. Essa responsabilidade cada vez mais vem sendo transferida para a escola, os pais acham que o papel deles de educar um filho passa a ser da escola.

Quero dizer a vocês que acredito que, quando tivermos um investimento maciço dos Governos, seja Municipal, Estadual ou Federal em educação, nós não vamos precisar, aqui nesta Casa do Povo, Ver. João Bosco Vaz, estar discutindo políticas de educação de trânsito, políticas de educação ambiental e uma série de projetos que a gente discute aqui; se tivermos uma educação voltada realmente para ensinar uma geração, nós não vamos estar discutindo tantos projetos. Agora, para isso, precisa de investimento. Cada vez mais os governos vêm tratando a educação com deseducação, cada vez mais os governos vêm tratando a educação como secundário, e não é Governo atual, não é o Governo do Fortunati, não é o Governo do Sartori e do Tarso, não é o Governo da Dilma ou do Lula, os governos cada vez mais vêm jogando a educação para segundo plano. A maioria dos governantes do momento, de uma década atrás, de duas décadas atrás, estudaram em escola pública, que hoje está sucateada. Hoje se vê priorizar a escola particular, porque a escola pública foi sucateada. A escola pública foi o grande alicerce desta Nação; os grandes governantes da Nação, os grandes empresários deste País estudaram em escola pública, mas jogaram para o sucateamento da escola pública. A escola pública formou os grandes...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Presidente concede tempo para o término do pronunciamento.)

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: ...engenheiros, os grandes arquitetos, os grandes pensadores deste país. Então acho que temos que lutar muito por investimento, lutar muito por aparelhamento da escola pública e os profissionais da escola pública. Vida longa à escola pública! E que essas homenagens, Alex, sejam sempre rotineiras na Câmara de Vereadores para homenagear os profissionais e alunos da escola pública. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Sra. Ivone Bolico da Silva, Diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo, está com a palavra.

 

A SRA. IVONE BOLICO DA SILVA: Boa tarde a todos. Como representante desta Instituição homenageada no dia de hoje, a nossa Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo, agradeço ao Ver. Alex pela acolhida e pela oportunidade de reunir toda a nossa comunidade. Estendo também meu agradecimento aos Vereadores, pela divisão, no dia de hoje, desta tribuna; a todos os meus colegas, inclusive às pessoas em aposentadoria, em licença, às colegas da SMED, às nossas assessoras, aos nossos queridos alunos. Hoje a nossa aula, a nossa ação pedagógica está acontecendo aqui. Vocês perceberam isso? Todos aqui homenageando, valorizando, relembrando! É uma rememorização das nossas épocas. Então, enquanto a gente vai falando, vão rolando as nossas imagens, vocês podem visualizar os momentos desde 1995.

Agradeço a composição da Mesa; a Eliane, representante da SMED, nossa parceira; as minhas duas colegas de todos os dias, Clarice e Aline. Diferente de vocês, dos Vereadores e das Vereadoras, a emoção pega mais. Então, hoje é muito diferente a nossa diversidade de sentimentos neste momento. E pensando no todo da Escola, não há como deixar de agradecer a Clarice e a Aline, as duas Vice-Diretoras que fecharam comigo esse meio mandato – é pouco tempo, mas é muita vivência, muita parceria; a nossa querida aluna Cassiane, nossa formanda – obrigada por ter vindo, obrigada por estar aqui com a gente. Ao Sr. Jorge, nosso parceiro, todo início de mês está lá com a gente em reunião, é Presidente da Associação dos Moradores; então, tem reunião lá com todo o pessoal da nossa comunidade. A Regina, eu entrei no momento em que a Regina entrou em licença para se aposentar. Como professora de Educação Física, assumi as turmas da Professora Regina. Não pensei que eu fosse assumir a Direção e estou aqui do teu ladinho hoje. Para mim, é muito emocionante isso, Regina.

Eu tinha feito mais uma listagem aqui, mas fui cortada por uma questão de protocolo. Havia mais pessoas para comporem a Mesa – citarei: A nossa funcionária Anilda Cardoso da Silva, comprometida, fiz de tudo para que a Anilda comparecesse hoje para ficar na Mesa e, no fim, fomos limitados (Palmas.); Ana Paula da Silva Machado, como mãe do conselho, como nossa funcionária (Palmas.); a Professora Claudia Pinto, nossa Presidente do Conselho (Palmas.), muito obrigada; a Professora Virgínia Funchal da Silva, nossa professora de 20 anos em sala de aula (Palmas.); a nossa ex-Diretora, Professora Mirna Locatelli da Silva (Palmas.), que foi a Diretora que ficou mais tempo na gestão, foram 12 anos de mandato, comprometida; a ex-Diretora Soraya, que também fez parte da gestão, parabéns para a Soraya (Palmas.); a Professora Elen (Palmas.), também foi nossa Diretora, está aqui com a gente; a Professora Silvana (Palmas.), a mais recente nesta gestão.

A todos vocês aqui com a gente, muito obrigada. Então, todos os nossos funcionários estão aqui com a gente hoje, dos serviços gerais, da cozinha, a nossa Guarda Municipal, é um imenso prazer ter todos aqui. A nossa aula hoje está sendo diferente, inclusive, essa questão de tempo; nós temos o recreio, aqui tem o sinal que nos corta, lá tem o recreio que nos corta, que nos divide. Então, tem uma didática diferente, mas é isto aí: estamos juntos nessa parceria, prestigiando o nosso momento de 20 anos de história.

Estamos aqui para reforçar a importância que o cotidiano escolar tem na vida de cada um de nós. Isso significa grandes desafios, numerosas conquistas e o envolvimento de todos nós nas ações pedagógicas, fazendo a diferença desde o primeiro momento do nosso aluno na Escola: a sua acolhida, com todos os envolvidos no processo. A acolhida das famílias, acolhida aos nossos colegas que estão chegando na Rede, até a saída, a saída dos nossos alunos na formatura, com a formatura. A saída dos nossos colegas com aposentadorias, enfim. Nós somos responsáveis por proporcionar esses momentos de aprendizagem dos nossos alunos, de acolhimento aos nossos colegas e aos nossos funcionários. Somos responsáveis por 1.200 alunos. Nós precisamos garantir uma educação de qualidade para esses alunos. Então, nós vamos aproveitar esse momento único para refletirmos o quanto nós pertencemos à Escola Monte Cristo. O que queremos para a Monte Cristo? Quem é? O que é a nossa Escola? É cada prédio? Aluno? Professor? Família? Funcionário? A Escola somos todos nós! Fazendo e pensando juntos uma história pedagógica, que tenha significado na vida das pessoas. Eu sou muito feliz, tenho orgulho de estar nesse contexto e por ser a história da Monte Cristo, junto com todos vocês. Sinto-me pertencente a esta comunidade, cada dia mais. Sei que não tenho décadas de Escola, tenho de outras, mas desta não, mas me sinto como se eu tivesse nascido na Monte Cristo. Então, eu faço o convite para refletirmos sobre isso, e quero dividir o meu tempo nesta tribuna e multiplicar o carinho pela Escola, uma pessoa muito especial, que marcou as linhas do tempo com os seus ideais e comprometimento, dando início à primeira gestão nesta jornada, a colega Regina Scherer. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. REGINA SCHERER: Boa tarde. Só me dei conta que a Ivone tinha me sucedido na Escola, quando eu a vi aqui na tribuna e pensei: “Como o tempo é engraçado!” Eu assumi a direção, sou professora de Educação Física e, quando saí, estava professora de Educação Física no Monte Cristo e a Ivone chegou para assumir as turmas no meu lugar, porque eu estava saindo em licença. Coincidentemente, agora ela está na condição de direção de escola neste momento dos 20 anos. Então vou agradecer à Ivone o convite para fazer este momento um tanto de lembranças. Acho que o Ver. Alex colocou muito bem, que a História é fundamental. Eu não sou dessa área, mas entendo que não podemos nos distanciar e perder de vista a dimensão histórica. Em nome disso, aceitei esse convite para falar, num tempo que a Ivone me disse que são de três minutos, mas quem me conhece sabe que jamais eu vou cumprir esses três minutos. Então já vou avisar de antemão para a Mesa que não vou cumprir três minutos.

Essa escolha de olhar para trás pode parecer um tanto óbvia, mas ela, de certa forma, é um desejo de tentar ver neste momento o que permanece daquilo que nós sonhamos naquele tempo quando iniciou o Monte Cristo, nesse tempo presente, hoje feito por outras pessoas. Como bem lembrou a Sofia, o desafio foi posto no final de 94 para um grupo de professores, no qual, naquele momento, eu não fazia parte, fui convidada depois para assumir a direção da Escola. Eu fui para trabalhar com um grupo que eu não conhecia. Fui para trabalhar e conheci as pessoas em janeiro de 1995, durante um processo de formação para professores que ocorria durante o período de férias, quando eu fui apresentada para o grupo. Aquele olhar bastante curioso de algumas querendo saber quem seria a diretora que seria indicada pela SMED para assumir a Escola. A experiência de conhecer um grupo novo e, ao mesmo tempo, saber que tinha sido posto um desafio para construir uma proposta pedagógica que buscasse alternativas para a evasão e repetência, foi o que ficou no horizonte, tanto para mim que fui convidada para esse papel quanto para aqueles professores que assumiram o desafio. O primeiro convite foi para olhar os espaços vazios, onde a Escola começaria a funcionar um tempo depois de quando nós começamos a nos reunir, porque o nosso primeiro ano letivo não iniciou em março. A obra não estava concluída, e nós fomos acolhidos na comunidade da Vila Monte Cristo no salão paroquial de uma igreja local. Pois então, nós fizemos uma visita àquele prédio vazio; na ocasião foi proposto que cada um tentasse sonhar e pensar o que seria construído naquele espaço, pensando e sonhando uma lógica que rompesse com a ideia de conformidade com os modelos que já conhecíamos. Esse desafio serviu para dar para aquele grupo que iniciou o ano letivo de 1995 motivação, energia e ânimo. Tudo o que foi proposto e pensado tem relação estreita com essa provocação. Hoje pode não parecer arrojado ter um Ensino Fundamental com nove anos; mas lá na Escola Monte Cristo, em 1995, esta proposta foi bancada, com as crianças sendo incorporadas ao primeiro ano do Ensino Fundamental aos seis anos – muito antes de isso ser aprovado pela própria LDB.

Investigar as dificuldades de aprendizagem, buscar alternativas para que todos pudessem seguir seus estudos, sem ficar, indefinidamente, repetindo o ano, foi um desafio que levou a se pensar na alternativa de um espaço chamado de laboratório de aprendizagem e uma outra formação para grupos, que deu a origem à turma de progressão. A Mirna foi a primeira professora de uma turma de progressão, em 1995.

Ser uma escola inclusiva, apesar da quantidade de escadas e desníveis que marcam a arquitetura e o terreno onde a escola se situa, ofertar o trabalho de inclusão nas salas de aula regular e na sala de integração e recursos, acolhendo todos os que viam ali um espaço de aprendizagem, também faz parte desta escola desde o seu primeiro dia de funcionamento. Em uma das turmas que tivemos em 1995, havia uma aluna surda; tínhamos deficientes físicos, já no primeiro ano, muito antes de se pensar em discutir que inclusão deveria se dar em escolas regulares. Pensar a biblioteca – e que biblioteca! – como um espaço de circulação de diferentes tipos de texto, onde pesquisa, leitura e trocas pudessem acontecer a todo momento, colocando cestas para leitura pelos espaços da escola no recreio, sacola de livros para circularem na comunidade nas férias,, realizar a feira do livro, de trabalho de incentivo e produção de leitores faz parte do DNA da Monte Cristo. Entender o papel da arte-educação e a necessidade de ofertar música, teatro e artes plásticas para todas as turmas desde a Educação Infantil é uma marca do trabalho da Monte Cristo e do currículo que lá é desenvolvido e que vê nesses conhecimentos a possibilidade de trabalhar a sensibilidade como um componente indispensável para a formação humana. Uma escola tão musical que, como eu disse antes, nunca aceitou que fosse preciso ter sirenes, e, desde o seu início, marca o início das atividades com música. Seguindo essa concepção, a possibilidade de conhecer, vivenciar e escolher dentre três línguas – Espanhol, Francês e Inglês – também foi introduzida na Monte Cristo como um trabalho a ser desenvolvido ao longo do Ensino Fundamental. Trabalhar com a ideia de currículo interdisciplinar, onde houvesse a construção de complexos temáticos e, depois, de projetos de aprendizagem, onde cada uma das áreas do conhecimento contribuísse para a contextualização deste conhecimento, fez com que os professores debatessem e saíssem da lógica de seguir um programa de conteúdos determinados pelos livros didáticos.

Eu não posso deixar de falar na minha área, que é a educação física, até mesmo porque o desafio que tem em relação ao espaço físico na Monte Cristo, realmente, faz com que os professores de educação física sejam muito criativos – muito mesmo. O espaço, apesar de limitado, nunca foi um empecilho para que se colocasse à disposição dos alunos a possibilidade de eles realizarem uma prática esportiva e atividade física na compreensão de que o lúdico e o esporte de rendimento também podem ser vivenciados em uma escola pública, mesmo quando ela, apesar dos seus 20 anos, ainda não dispõe nem de um ginásio nem de uma quadra coberta. (Palmas.)

Começar a pensar o trabalho com computadores e como esse espaço poderia ser rico, mesmo em 1995, quando pouquíssimos dispunham dessa ferramenta, mostrou que o que queríamos para aquela comunidade era para um tempo presente e para um tempo futuro. E que futuro? Blogs, pesquisas, jornal virtual, projetos premiados, que renderam mais equipamentos para a escola; alunos que se apaixonaram e transformaram uma experiência de ser monitor no laboratório de informática em profissão mostram que nós tínhamos razão, sim, em pensar num laboratório de informática como espaço de criação e de aprendizagem.

Pela questão do tempo e para não abusar da paciência, talvez eu não vá conseguir dar conta de falar de todas as coisas que foram sonhadas e pensadas em 1995, mas eu posso dizer que é tão marcante esse tempo, que muitos de nós professores, e até mesmo os alunos, transformamos nossas experiências de vida e conhecimentos adquiridos lá na Monte Cristo em conhecimento acadêmico, tratando do que foi realizado lá em TCCs, dissertações e teses em cursos de pós-graduação.

Esta é uma escola que trabalha, sim, com o conhecimento, mas onde o humano sempre marcou a diferença. O humano, que viu que um grupo faz a diferença, e que somente um coletivo pode construir e sustentar, diariamente, um trabalho de qualidade. Ali, pulsa a vida, em cada um daqueles tijolinhos vermelhos e daquele telhado amarelo.

Tivemos derrotas, perdemos muitos alunos para a violência. Um, para nós, é muito – e é preciso dizer que isso não é um problema da educação, isso se faz com política pública articulada, de assistência e saúde. Não é um problema da escola! (Palmas.)

Mas nós temos muito do que nos orgulhar. Nossos alunos – porque uma vez aluno da Monte cristo, vai ser sempre aluno da Monte Cristo – estão pelo mundo. Aquele que levava as sacolas de livros nas férias para emprestar para a comunidade, que saía com o Janjão, que é um boneco que existe na Monte Cristo, acho que existe ainda... Não mais? O Janjão era um boneco grandão que, quando havia atividades culturais do Cultura Por Aqui ou mesmo do Porto Alegre em Cena ou outras atividades – saía a passear pela comunidade, chamando os moradores para virem participar daquelas atividades lá dentro da escola. Pois esse aluno que carregava o Janjão viu e aprendeu, na Monte Cristo, a importância e a necessidade da doação de tempo e solidariedade, e isso fez dele um frei franciscano, que, hoje, está na Itália estudando Teologia.

Um daqueles que foi monitor no laboratório de informática se apaixonou tanto por isso que se formou em Sistemas da Computação, e, hoje, está no Vale do Silício. O outro, que aprendeu como saltar em colchões improvisados ou mesmo aquele outro que fazia os arremessos com pelota, com bola de meia, porque senão ultrapassava o muro da escola, esses estão participando aí pelo mundo em competições internacionais. Outros são professores de teatro, estudam música, tocam em orquestras, fazem jornalismo, arquitetura, biomedicina, veterinária, administração, biologia, educação física. Temos advogados, sociólogos; temos trabalhadores, pais e mães de família, que, hoje, trazem seus filhos para estudar na mesma escola onde um dia eles foram alunos.

Eu teria muitas histórias para contar: do Rodrigo, do Thomas, da Lucila, da Kétlin, do Jonas, do Paulo, do Luís, do Ezequiel, do Pedro, da Susi, do Róbson, do Alexandre, do Ângelo, do Daniel e de tantos outros.

Tudo isso começou com uma longa luta da comunidade por uma escola onde os seus filhos pudessem ter contato com esse conhecimento, que muitos deles acreditavam faria diferença. Saber dessa luta fez com que os professores que lá chegaram em 1995 considerassem que, além da repetência e da evasão, a escola tinha um papel cultural e de oportunizar muito mais do que conhecimento tradicional e secularmente já definido. Penso que a escola vem fazendo isso em cada um dos seus dias, e é isso que nós sabemos fazer melhor. Se um dia eu não sabia muito bem onde é que ficava a Vila Monte Cristo, e hoje eu sei que ela fica na Vila Nova, eu devo dizer que a Vila Nova se espalhou pelo mundo. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Convido o Ver. Prof. Alex Fraga a proceder à entrega do Diploma alusivo aos 20 anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo à Sra. Ivone Bolico da Silva, Diretora da Escola.

 

O SR. PROF. ALEX FRAGA: Presidente, eu gostaria de quebrar um pouquinho o protocolo nesta emocionante homenagem e pedir uma salva de palmas, em especial, para duas pessoas que viabilizaram este momento: a minha assessora Vivian Nunes e a Professora Neusa, coordenadora cultural da escola. Parabéns a vocês! Foram muitos e-mails trocados com informações até termos esta bonita homenagem hoje. O meu muito obrigado às duas.

 

(Procede-se à entrega do Diploma.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Queremos agradecer a presença de todos, parabenizar também a Escola pelos seus 20 anos, assim como todos vocês, por fazerem parte dessa bonita história que foi contada aqui hoje, e dizer que a Câmara Municipal, como um todo, agradece a essas professoras maravilhosas que educam os nossos filhos, que continuem fazendo esse belo trabalho! Quero parabenizá-lo, Ver. Prof. Alex Fraga, por essa brilhante iniciativa. Parabéns a todos vocês, espero que possamos comemorar 40, 50, 100 anos de existência de escolas importantes dentro da nossa comunidade. Parabéns a todos. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h10min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro – às 16h14min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Dr. Thiago está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. THIAGO: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; caros Vereadores que se encontram neste Plenário, eu realmente tenho que subir, Ver. Clàudio Janta, a esta tribuna para falar – e saudar – sobre o retorno, o retrocesso positivo que o Ministério da Saúde fez na tarde de ontem, em uma iniciativa arbitrária. Outros Ministros, inclusive não os do PT, mas de outras gestões, eu me lembro que o atual Senador José Serra, quando era Ministro da Saúde, também tomou uma medida parecida que, sem dúvida nenhuma, não contribuiu em nada para a saúde da mulher brasileira, não contribuiu em nada para o desenvolvimento da obstetrícia e não contribuiu em nada para o grande objetivo, que é a redução da mortalidade materna e fetal no Brasil. Pautar essa redução nos índices de cesariana, puramente, não contribui para a discussão desse processo. O que nós precisamos, Ver. Janta, ao longo da atenção à saúde da mulher, é investir em planejamento familiar, investir em pré-natais executados com qualidade, em acesso das mulheres ao pré-natal, ao exame do anti-HIV no início da gravidez, para impedir que seu filho nasça com HIV. É necessário que as mulheres tenham acesso à benzetacil, porque muitas não estão fazendo tratamento para sífilis, Ver. Janta, porque falta benzetacil no mercado e nos nossos postos de saúde. Sem dúvida nenhuma, isso vai contribuir para diminuir a mortalidade infantil e materna, e não a pura e simples discussão sobre os índices de cesáreas. Reduzir por decreto a cesariana fere a autonomia das mulheres, e isso precisa ser entendido por essas pessoas que querem fazer lei.

Até foi pauta do meu artigo, publicado ontem no Jornal do Comércio – ao qual eu agradeço –, quando nós fizemos duras críticas ao Deputado Jean Wyllys e ao projeto que ele tem no Congresso Nacional, com o intuito de limitar as cesarianas. O deputado diz, no seu projeto, que, se isso não acontecer, maternidades serão fechadas. É importante que a população que nos ouve e nos assiste saiba disso! Você, que está no Hospital Moinhos de Vento ou no Hospital Mãe de Deus, hoje, e teve o seu trabalho de parto deslocado para outro hospital, saiba disso. Os hospitais, hoje, estão superlotados.

O deputado, no seu art. 26, cria um comitê que pode suspender, temporariamente, financiamento público para cesarianas realizadas em instituições do SUS e pode proibir, temporariamente, a realização dessas cesarianas em instituições privadas ou filantrópicas. Como é que o deputado vai intervir na instituição privada, por um prazo de 30 dias, podendo essa proibição ser mantida indefinidamente? É um absurdo! Se a mulher, de forma livre e espontânea, decide que quer ter o seu filho de cesariana, ela tem que ter o direito de fazer essa opção, não podendo ser obrigada pelo Estado, por um deputado ou por qualquer pessoa a fazer diferente. A autonomia é fundamental!

 

O Sr. Clàudio Janta: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Thiago, quanto a essa questão da cesárea, as pessoas tinham que, antes, passar pela dor do parto normal. Eu acompanhei a minha esposa durante todo o processo de gestação, principalmente na hora do parto, e quero dizer que as mulheres merecem todo o respeito nessa hora. Nós, homens, jamais sentiremos essa dor. Então, quem pode dizer se vai ser uma cesárea ou não é o médico; não somos nós, leigos. O senhor é médico, pode dizer. Não somos nós, leigos, que vamos dizer, por achômetro, se vai ser uma cesárea ou não; e principalmente não somos nós, leigos – o Deputado é tão leigo quanto eu –, que vamos dizer se credencia ou descredencia uma instituição de saúde. Então eu acho que “cada um no seu quadrado”. Não é uma pessoa que não atende da área da saúde que vai, simplesmente, por um projeto de lei, achar que pode, ou não, descredenciar uma instituição de saúde, por achar que as mulheres têm que sofrer na hora do parto.

 

O SR. DR. THIAGO: Obrigado, Vereador. Infelizmente, isso faz com que se avance, com que se aumente, com que até se incentive uma prática que já foi há muito abandonada, que é o parto domiciliar. O parto domiciliar é estatisticamente definido – já existem diversos estudos que mostraram isso –, ele aumenta a mortalidade materna e a mortalidade fetal. Nós não podemos estimular essa prática, independentemente da concepção que nós tenhamos, porque isso vai fazer com que a mortalidade infantil aumente. Pessoal, isso nós temos acompanhado em Porto Alegre. Nós temos a descrição de diversos casos, que, ano que vem, vão repercutir no aumento da mortalidade infantil nesta Cidade.

Para terminar, Presidente, a nossa grande preocupação, e eu coloco no final do artigo, é que essa medida que está na contramão da tendência mundial, essa medida antidemocrática e obstetricamente inaceitável, sem dúvida alguma, pode e está se ramificando em Assembleias Legislativas e em Câmaras de Vereadores. Nós precisamos ficar atentos a isso. Nós realmente estaremos aqui, nesta Casa, bastante atentos para esse tipo de situação, denunciando, essa questão que virá na contramão da saúde das mulheres e de seus filhos. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Hoje, este período é destinado a tratar do assunto Vigilância em Saúde, trazido pela Ver.ª Sofia Cavedon. Convidamos para compor a Mesa o Sr. Anderson Araújo de Lima, Coordenador da Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde – SMS, e o Sr. José Carlos San Giovanni, Coordenador Adjunto da Vigilância em Saúde da SMS.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Vereador-Presidente, o período temático de Comunicações tem uma dinâmica de apresentação para o tema Vigilância em Saúde. Sugiro a V. Exa. que a palavra seja dada, primeiro, para a Coordenação da Vigilância em Saúde. Na verdade, não é um momento de homenagem, é de fato um período temático para o debate e apresentação do trabalho da Vigilância em Saúde em Porto Alegre. Depois me manifestarei como os demais Vereadores interessados. Obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Sr. Anderson Araújo de Lima está com a palavra.

 

O SR. ANDERSON ARAÚJO DE LIMA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver.ª Sofia, meus colegas da Vigilância Sanitária, é um prazer estar aqui para apresentar um pouco do trabalho da Vigilância em Saúde de Porto Alegre. A Vigilância em Saúde de Porto Alegre que começa quando do advento da municipalização e tem já na sua gênese um trabalho bastante inovador, porque junta as Vigilâncias Sanitária, Epidemiológica e Ambiental sob uma mesma Coordenação, óbvio que sob a batuta da Secretaria Municipal de Saúde.

O que irei apresentar hoje, neste curto espaço de tempo que me foi passado, são apenas algumas das atividades que nós realizamos, dizendo que estamos à disposição para responder alguns questionamentos e aprofundar o tema quando for necessário.

 

(Procede-se à apresentação em PowerPoint.)

 

O SR. ANDERSON ARAÚJO DE LIMA: A Vigilância em Saúde é composta por diversas equipes, realiza um trabalho preventivo, um trabalho de promoção e prevenção de saúde nas suas diferentes áreas, então, da Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Vigilância Sanitária e Saúde do Trabalhador.

De forma também rotineira, temos um trabalho, através do Centro de Informações Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde – Cievs, que mantém as informações epidemiológicas de todo o mundo, atualizadas, e aquilo que repercute no Município de Porto Alegre. Mais recentemente idealizamos, junto com a Escola de Saúde Pública, junto com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, uma residência multiprofissional de vigilância em saúde – acho que temos alguns residentes aqui. Comecei por aquilo que é o mais recente, o mais novo, que são os residentes, é a ideia de que podemos espraiar a forma de fazer vigilância em saúde no Município de Porto Alegre.

Então, especificamente sobre o trabalho das equipes, começando pela área da vigilância sanitária, nós temos a equipe de alimentos, que eu acho que é uma que os senhores muito ouvem falar, o seu trabalho repercute muito, que, em algumas situações tem que se ter um trabalho coercitivo, mas que é um trabalho muito educativo, de prevenção. Temos mais de 30 mil serviços que são passíveis de vigilância e de licenciamento sanitário. Então o consumo de alimento no Município de Porto Alegre passa por um regramento que acontece através da equipe de alimentos, cujo coordenador é o médico veterinário Paulo Casa Nova. Aqui, nessas imagens, temos programas que passam desde a fiscalização de supermercados, lancherias, galeterias, cozinhas hospitalares, cozinhas de grande porte.

Aqui temos alguns dos itens que fazem parte do que a equipe busca, lembrando que o trabalho é muito educativo, mas que existem ações que são ações efetivas de fiscalização que acabam naquela situação onde temos que utilizar o poder coercitivo, redundando em situações que acabam verificando na mídia. Só para vocês terem uma ideia, no ano passado, nós apreendemos 41 mil quilos de alimentos impróprios para consumo humano. Faço uma reflexão se esse alimento todo fosse consumido pela população de Porto Alegre e itinerante, o que isso poderia representar do ponto de vista de saúde. Então, na medida em que fazemos essa atividade que prima pela prevenção, estamos evitando que as pessoas adoeçam. Eu tenho algumas imagens aqui de situações bastante desagradáveis do ponto de vista do consumidor, mas que fazem parte da rotina da fiscalização da equipe e em ações em que temos que intervir de forma bastante dura. E sempre pensando que esse é um trabalho de licenciamento que visa a prevenir agravos à saúde que ocorram de condições inadequadas de manipulação, armazenamento e consumo de alimentos.

Na mesma linha, nós temos a Equipe de Vigilância de Serviços de Saúde, em que temos o licenciamento de todos os serviços que realizam assistência à saúde – são hospitais, clínicas, instituições de longa permanência para idosos, escolas de educação infantil, consultórios médicos e odontológicos, serviços de radiologia, medicina nuclear, radiodiagnóstico. Todos os serviços médicos e de assistência à saúde são passíveis do licenciamento da Vigilância em Saúde. Muitas vezes nós estivemos na COSMAM, apresentando alguns esclarecimentos necessários em relação a esse trabalho, que também é um trabalho de licenciamento, um trabalho preventivo, um trabalho que visa a evitar que os usuários, os pacientes sofram algum agravo à saúde decorrente das condições inadequadas de funcionamento desses serviços.

Esta é uma lista – falando para os meus colegas aqui –, eu tive que fazer um trabalho limando um pouco das apresentações que eles me mandaram, porque, senão, teríamos centenas de eslaides. Cada equipe, cada universo específico seria objeto de uma apresentação como esta e haveria muito pano para a manga.

Então, se você vive em Porto Alegre, se você se alimenta, se você usa um consultório, se você compra um medicamento, se você compra um correlato, uma seringa, qualquer outro insumo para a saúde, você passa pelo licenciamento da Vigilância em Saúde. Então, falando da Equipe de Vigilância de Produtos de Saúde, as farmácias, as drogarias, as importadoras, as distribuidoras de cosméticos, saneantes, correlatos – o que seria um correlato? Uma prótese, uma órtese –, todos esses serviços são passíveis de licenciamento da Vigilância em Saúde, são realizados pelos colegas que estão aqui e por muitos outros que estão a campo realizando as atividades.

Aqui apresento alguns dados: nós temos, em termos de indústrias e transportadoras, empresas de correlatos, um universo inimaginável de ser visto, que são passíveis de licenciamento. Então, se você for numa farmácia, for numa drogaria, você passou por um serviço que foi licenciado pela Vigilância em Saúde.

Você bebe água em Porto Alegre. Nós, através da equipe de vigilância da qualidade da água, fazemos o controle e a fiscalização da própria água produzida pelo DMAE; então, fazemos um monitoramento em todas as estações de tratamento. Nós fizemos um programa específico de fiscalização, o Vigiágua é um programa reconhecido pelo próprio Ministério da Saúde, em que nós temos uma série de ações que visam à qualidade desse bem, que está tão na moda, porque a água é um recurso finito. Além das fiscalizações propriamente ditas, que são da qualidade da água, fazemos análises bacteriológicas, físico-químicas.

Nós passamos a fazer um projeto envolvendo as comunidades, um projeto chamado A Divindade da Água, que trabalha junto com aquelas comunidades que estão ali residindo de uma forma inadequada, próximo a arroios, próximo a córregos e tal, pensando que o problema de saúde é muito maior do que simplesmente a ausência de doença. O problema da saúde passa por educação, passa pelo comprometimento da sociedade, passa pelo comprometimento daquela sociedade que está ali nessa condição um pouco desagradável, um pouco sem a condição adequada de vida.

Passando por isso, nós temos outras equipes, e talvez um dos assuntos que mais está em voga atualmente seja a prevenção e o controle da dengue. Nós temos a equipe de controle de roedores e vetores que faz uma série de trabalhos, entre eles o combate e a prevenção da dengue. Porto Alegre é um Município inovador. Além de fazermos a prevenção larvária do mosquito, que é o que o País inteiro faz, nós adotamos uma tecnologia inteligente através de armadilhas. Conseguimos, assim, fazer um monitoramento do mosquito adulto, prevendo, através desse monitoramento, locais de maior adensamento de mosquitos, possibilitando a análise dos mosquitos capturados e uma avaliação de se ele tem ou não o vírus da dengue. Assim é possível fazer bloqueios vetoriais, que é a aplicação de inseticida num raio de 150 metros, preventivamente, antes que surjam pacientes propriamente adoecidos.

Quero dizer que, em relação a essa tecnologia, que também envolve os coletores de informações, o Município de Porto Alegre foi detentor de um prêmio sobre o uso de tecnologia sustentável. Nós conseguimos que os nossos agentes de endemias, usando esses coletores, acabassem com o uso do papel, tivessem uma efetividade, em termos das suas atividades, muito mais adequada. Nós temos em tempo real o resultado das suas visitas domiciliares. Sabemos, por georeferenciamento, onde eles estão efetivamente, e, com isso, nós conseguimos ter um controle mais efetivo e fazer uma prevenção mais adequada, haja vista a situação do País em relação à dengue. O Município de Porto Alegre vem mantendo a situação de controle; mesmo com a presença do vetor a partir de 2001, só em 2010 nós tivemos os primeiros casos autóctones; em 2013, nós tivemos um surto com mais de 150 casos autóctones. E são situações como essa que nos estimularam a buscar medidas que fossem inovadoras, medidas que pudessem transcender ao programa de combate convencional.

Este ano, nós colocamos estas informações todas no Centro Integrado de Comando e Controle da Capital – CEICC, em que, em tempo real, temos o resultado das armadilhas, e a população, através do site que nós criamos, tem acesso, com uma semana de delay, sobre as informações todas que estão sendo coletadas pela Vigilância em Saúde, e a população pode, também, nos ajudar nesse controle efetivo das ações de combate e prevenção, que são aquelas ações bastante simples, que é a eliminação de criadouros.

Agora, a colocação dessas informações no CEIC permite que, de uma forma transversal, todas as Secretarias envolvidas no trabalho de prevenção e combate possam ser acionadas.

Sobre a parte da saúde do trabalhador, com as informações a respeito dos agravos que os trabalhadores sofrem, a exemplo das condições inadequadas de trabalho, nós poderíamos estabelecer políticas adequadas. Então, nós temos uma equipe que faz a fiscalização dessas atividades especificamente, que trabalha com todos os SESMTS das empresas localizadas em Porto Alegre para qualificar as notificações. E é, também, essa equipe, que é de saúde ambiental e de saúde do trabalhador, que faz um trabalho sobre o licenciamento das ERB, e nós já estivemos aqui nesta Casa em várias comissões falando sobre o trabalho desse licenciamento que é junto com outras secretarias. Mais recentemente, nós temos um trabalho sobre VIGISOLO; o trabalho sobre a poluição atmosférica é mais reconhecido e tem interfaces junto com a assistência básica, e mais recentemente a prevenção do fumo.

Há algumas imagens aqui dos objetos de trabalho e alguns dos programas que o Ministério da Saúde preconiza e que estão centralizados nessa equipe. A parte de controle da população animal. Uma das situações bastante importante de referir aqui é a que envolve o controle e a prevenção da raiva humana. Nós recebemos os morcegos caídos, fazemos a análise para saber se eles estão ou não contaminados com o vírus da raiva, e, havendo essa contaminação, nós temos que fazer um bloqueio, que é a vacinação dos cães e gatos num raio de 150 metros ao redor dessas residências. Outras ações que a equipe realiza através do licenciamento de consultórios veterinários é a orientação sobre a leishmaniose e outras ações específicas.

Próximo. A equipe de eventos vitais e doenças e agravos não transmissíveis. Acho que neste ano estão muito na mídia as informações sobre as doenças e agravos não transmissíveis, a mudança do perfil epidemiológico do País. Então nós temos informações qualificadas sobre os sistemas de nascimento, de mortalidade, mais recentemente, a base de câncer populacional e as doenças e agravos não transmissíveis para que a gente possa traçar políticas, para que a gente possa mudar a realidade e os hábitos de vida da população são fundamentais para que a médio e a longo prazo a carga de doença da população e a forma como a mortalidade mude é fundamental.

Quanto às doenças transmissíveis, recentemente tivemos a situação da meningite em Cachoeirinha, já tivemos alguns outros agravos envolvendo a meningite e isso tem um apelo na mídia bastante grande, mas mostrar que essa é uma atividade que temos em relação a todas as doenças de agravo, doenças de notificação compulsória. Nós temos, em relação a todas essas doenças que citamos, a dengue, a cólera, a meningite, febre amarela e outras que estamos citando aqui, uma atividade de muita atenção, mantida através de um plantão ininterrupto, junto a todos os hospitais, Unidades de Saúde de pronto atendimento de Porto Alegre. Sobre a dengue, quero mostrar para vocês o quanto são importantes as notificações imediatas e o acesso à equipe de doenças transmissíveis ao plantão epidemiológico, que consegue dar essa resposta, em tempo real, ao profissional que está lá com o paciente a sua frente, para que todos os outros trabalhos necessários - além do trabalho individual da saúde daquele paciente, o trabalho de manejo ambiental, o trabalho da vigilância, de contatos -, inerentes a essa situação, possam acontecer em tempo muito curto. É talvez por este trabalho em tempo adequado que conseguimos manter o Município de Porto Alegre longe de endemias que estão ocorrendo em outros locais. Alguns dados sobre a dengue mostram desde quando temos casos em Porto Alegre, fazendo uma referencia de quando nós tivemos a relação com o vetor: o ano de 2010 foi um marco para o Município de Porto Alegre. Estranhamente eu e o José Carlos estávamos na coordenação da Vigilância, quando tivemos os primeiros casos autóctones; então, isso está muito em voga dentro da nossa relação de atividade na Vigilância em Saúde. Em relação a dengue, refiro a importância de termos uma base entre a vigilância epidemiológica, a vigilância ambiental e a vigilância sanitária, amplamente discutida, azeitada, para que essas informações aconteçam de forma muito rápida e possam fazer o sistema de saúde disparar para que a gente evite situações mais delicadas, envolvendo a disseminação de uma epidemia.

Sobre como algumas endemias se comportam pelo mundo, no caso da malária, embora não sejamos uma área endêmica, é a Vigilância em Saúde, através da notificação, que consegue fazer a distribuição do medicamento, avaliar o caso, ver se ele realmente é um caso específico e fazer a distribuição desse medicamento para Unidade de Saúde.

Podemos observar na tela a curva epidemiológica. A situação da influenza, que foi uma situação na qual nós estivemos muito envolvidos, desde a época em que nós tivemos, realmente, a situação epidemiológica mais complexa - quando nós ainda não tínhamos a vacina, até os dias atuais. Então, saber que isso sempre envolve uma notificação imediata, e os profissionais da área de ponta, com o apoio da Vigilância em Saúde, conseguem ter uma relação mais efetiva com aquele seu paciente.

Próximo. Aqui, um pouco sobre a meningite, que é uma situação que está bastante na mídia em função, infelizmente, dos casos de óbitos que tivemos recentemente na Região Metropolitana. Mas saber que essas situações acontecem em Porto Alegre, mas, talvez, pelo diferencial de nós termos um plantão 24 horas, de termos essa forma de poder nos comunicar com os profissionais de saúde e ir até as comunidades, fazer o comunicado para elas aplicarem, fazer a quimioprofilaxia e todo o trabalho de informação, de investigação epidemiológica; acho que esse é um grande diferencial.

Próximo. Algumas imagens a respeito dos casos de meningite e os seus resultados para os paciente, infelizmente.

Sobre alguns dados sobre a distribuição da meningite. Uma situação na qual nós estamos muito atentos, fazendo sempre reuniões e atividades específicas junto às comunidades. Treinamento dos profissionais de saúde, alertas epidemiológicos quando for o caso, dependendo do tipo de endemia.

Então, a vigilância ativa, que é essa que busca, que não espera simplesmente que a endemia ou que a situação chegue até a Secretaria de Saúde – a Vigilância em Saúde –, acho que é um diferencial que Porto Alegre tem.

Rapidamente, de uma forma quase que expressa e atendendo até algumas solicitações, nós trouxemos essas informações. Eu sei que são muitas informações. Nós estamos disponíveis para qualquer tipo de dúvida que possa ficar, e, talvez, se esses momentos se repetirem aqui, de uma forma mais específica, nós poderemos aprofundar os temas. Obrigado.(Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(A Ver.ª Jussara Cony assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SRA. PRESIDENTE (Jussara Cony): Obrigada, Anderson, pela sua participação, mostrando, de uma forma sucinta mas com a dinâmica do que significa vigilância sanitária como estratégia para o contexto de saúde e do nosso Sistema Único de Saúde, e até como esta relação de que Porto Alegre está muito inserida nessa concepção do nosso SUS.

A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver.ª Jussara Cony, nossa Vice-Presidente, que conduz os trabalhos e tem uma peculiaridade, que é a de ser da área da saúde, com larga experiência, podendo conduzir de maneira muito qualificada este tema; cumprimento o Anderson Araújo, Coordenador da Vigilância, e o José Carlos, Coordenador Adjunto; cumprimento, também, a representação das equipes que aqui estão atendendo ao convite que fiz, e Vereadores que aqui estão.

A quinta-feira é um dia de muitas intersecções de ações dos Vereadores, então, vocês não se decepcionem por não estarem os 36 aqui, mas, com certeza, os vários Vereadores que aqui estão sabem do valor da ideia de virem aqui na quinta-feira temática expor o trabalho da vigilância em saúde, Vereadores Janta, Bosco, Paulinho Motorista, Fernanda, Mauro: é porque é um trabalho que só é visível quando causa um transtorno. Quando fecha um empreendimento, um bar ou um restaurante, ou quando temos um caso grave de epidemia, de morte, de infecção, uma doença em função de alimentos, etc. Há muitas vezes uma invisibilidade, portanto, de um conjunto de ações que são estratégicas, que acabam garantindo a nossa condição de qualidade de vida, a nossa segurança em não adquirir um alimento, no estar num restaurante, em enfrentar a insegurança em lidar com eventos que possam nos ocorrer.

Nestas quintas temáticas – e aí falo para o conjunto das equipes –, trazemos temas específicos da Cidade para o plenário, para que depois os telespectadores acompanhem. Aliás, a TVCâmara, hoje, é ao vivo. E essas quintas-feiras temáticas, muitas vezes, são reprisadas porque são educativas, informativas. E a minha intenção, quando a propus, é que tivéssemos a possibilidade de dar visibilidade e de valorizar esse trabalho cotidiano, continuado, da Vigilância em Saúde. E como um fio da meada, na verdade, fui provocada pela equipe da Vigilância em Saúde, em doenças transmissíveis. Então, essa equipe tem a responsabilidade da vigilância das doenças transmissíveis de notificação compulsória, realizando a investigação epidemiológica, a execução e a supervisão de medidas de controle. Ela nos provocou em função de que era importante fazer constar, de uma forma legal - o Ver. Kopittke também está aqui presente, nosso colega de Bancada -, a necessidade do plantão 24h, sete dias por semana, exatamente. Ver.ª Jussara, para que essa notificação aconteça, para que os casos sejam encaminhados com brevidade; para que as medidas em relação aos casos suspeitos ou confirmados aconteçam; para que aconteça a adoção de medidas de controle das doenças, dos agravos e o monitoramento do cenário de epidemiologia na Cidade. Então, essa equipe que me provocou com esse assunto - e aqui está presente -, fez-me conversar com o conjunto da equipe de Vigilância em Saúde. Quero dizer para vocês que foi uma aula que achei importante ser apresentada aqui na Câmara. Primeiro, então, quero valorizar a inovação de Porto Alegre, que trabalha de forma integrada essas dimensões, essas ações todas: a vigilância sanitária, a epidemiológica e a ambiental, de forma complementar, de forma compartilhada, o que é fundamental para que se elucidem os casos, para que a ação seja potencializada. É vanguarda no País e disso temos que nos orgulhar. É uma política de Estado já, não é uma política de governo, ela vem sendo construída há vários governos, pelas nossas equipes e funcionários permanentes, que estamos sempre buscando valorizar. A Ver.ª Jussara propôs a Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público e dos Servidores e que nós sabemos o quanto é importante. Por isso essa dimensão da notificação compulsória, como exemplo, e que fui aprender que várias outras equipes têm que trabalhar 24 horas, têm que ter condições de responder sábados e domingos, evitando grandes riscos ou propagações de risco para grupos maiores. Portanto, como é importante que seja feito por funcionários qualificados, por funcionários preparados, por funcionários experientes. Quero ressaltar isso, dessa ação integrada, dessa qualidade dos nossos servidores, Ver. Paulinho, da qualidade dessa ação invisível que nos dá tanta segurança na cidade de Porto Alegre. Essa ação integrada resultou nessa 1ª Residência em Saúde Multidisciplinar - que bonita essa formação dos nossos trabalhadores em saúde de uma forma multidisciplinar, preparando novos profissionais, superando essa fragmentação, essa disciplinarização que acomete certamente a saúde em especial, mas superespecializaçao. A fragmentação das ações faz com que não se tenha capacidade de resposta. Quero chamar a atenção de que a gente tem toda essa ação num prédio minúsculo na Av. Padre Cacique; não tem descentralização, tem algumas equipes que distribuem medicamentos, materiais, vacinas, num espaço exíguo, superexíguo. Quer dizer, a condição de trabalho, de espaço físico, a condição de horas extras, a condição de equipes qualificadas e permanentes, de valorização e de equipamento para deslocamento, para pronto atendimento, todas essas condições são fundamentais para que esse trabalho seja um trabalho de sucesso e de qualidade. Então nós queríamos agradecer, usar esta quinta-feira temática para agradecer esse conjunto de trabalhadores e trabalhadoras e colocar esta Câmara à disposição. Dizer que como aqui foi dito pelo Anderson, várias vezes, que eles vêm aqui nas nossas Comissões, dizer que a gente possa valorizá-las na revisão do Código de Saúde, garantindo com força que essa equipe cresça, que ela se qualifique e que ela seja uma política permanente, cada vez mais eficaz. Parabéns, longa vida.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Jussara Cony): Obrigada, Ver.ª Sofia. Quero destacar também a presença, como disse a Vereadora, de vários residentes. Essa concepção de residência multidisciplinar, multiprofissonal é uma relação que eu acho estratégica, que é essa relação de ficar um ano no Município, um ano no Estado, com essa visão republicana de política de estado – União, Estado e Município – para a saúde pública e para o fortalecimento do SUS.

A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa tarde a todos e a todas, quero cumprimentar o Anderson Araújo e o Sr. José Carlos; a todos os trabalhadores e trabalhadoras; o meu colega e amigo, Ver. João Ezequiel.

 

O Sr. Paulinho Motorista: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Obrigado, Presidente da minha Comissão, Ver.ª Fernanda, quero dar os parabéns a vocês, ao nosso Coordenador, Anderson, ao Coordenador Adjunto, José Carlos; quero também agradecer a presença do pessoal que está conosco, os nossos trabalhadores e o Ver. Ezequiel também. Com certeza, eu estava atento às suas palavras, Anderson, em poucos minutos, tu nos deste uma aula.

A Ver.ª Sofia falava, há pouco, que nós não nos preocupamos, porque, às vezes, não acontece conosco: acontece com um vizinho, com o cidadão que mora longe, mas todos nós temos que nos preocupar e correr atrás... Eu já liguei algumas vezes para a Vigilância, e agradeço a vocês sempre pela rapidez de agir, porque, se não fosse a Vigilância, o que seria da comunidade? É muito importante e não pode passar invisível a função de vocês.

Parabéns, falo em do PSB – em meu nome e do Ver. Airto Ferronato. Agradeço, Ver.ª Fernanda, pelo aparte, desculpa por ter roubado a sua palavra.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Não tem nenhum problema, Ver. Paulinho Motorista. Acho que é um tema muito importante. A apresentação que o Anderson fez é fundamental para vermos a integralidade e o trabalho sério, competente e fundamental da Vigilância, nos três aspectos que congregam toda essa vigilância estratégica, seja vigilância epidemiológica, ambiental ou sanitária, e o conjunto de ações que vocês vêm desenvolvendo em várias áreas. Acho que a tua apresentação foi bastante ilustrativa, inclusive quanto a números e atuações que mostram a importância do serviço para a cidade de Porto Alegre. Ao mesmo tempo, acho que é importante que as Vereadoras e os Vereadores visualizem esse trabalho que envolve fiscalização, desde uma lancheria até as condições de controle de epidemias graves, como o caso de meningite, conforme tu trouxeste, que, inclusive, tem altos índices de letalidade, de 20% a 22% dos casos, nos últimos três anos. São dados estarrecedores do ponto da letalidade da doença. Nós sabemos que é extremamente letal, mas um trabalho preventivo, como o que vocês fazem, com vigilância permanente, nos deixa seguros.

Quero parabenizar pelo trabalho e dizer que é importante que a Câmara ouça a demanda dos trabalhadores. A Ver.ª Sofia falava sobre a questão, por exemplo, do espaço físico. Eu acho que pensar o problema da carreira numa integralidade para o conjunto dos trabalhadores da vigilância, no que diz respeito tanto ao plantão de 24 horas como a toda infraestrutura de trabalho, é outro tema bastante importante sobre o qual eu sempre faço questão de falar. No que diz respeito à fiscalização, tem toda uma formação – estão aqui os trabalhadores, que sabem melhor do que eu. Para poder ser fiscal, é preciso saber um know-how de legislação, de atuação, de procedimentos, do ponto de vista do Município e do ponto de vista do que determina o SUS, do que determina a legislação de um modo global.

Nós vivemos, ontem, na Câmara, um momento muito importante para o conjunto da fiscalização, para o conjunto dos trabalhadores da vigilância, para o conjunto dos trabalhadores municipários, sendo também um retrato da importância da auto-organização da categoria, que foi o efeito cascata. Foi uma forma, em todos os Governos, de reduzir salários do funcionalismo público, quando foi aprovado, lá em 1998. No Estado, Ver. João Ezequiel, significou um conjunto de perdas para o funcionalismo estadual, porque, no futuro da carreira, não foram preservadas as conquistas; e, no caso do Município de Porto Alegre, foi diferente, num contexto em que os Governos estão tirando o direito dos trabalhadores. Estamos vendo o que o Governo Dilma está fazendo com a CLT agora. Essa questão de redução do salário para redução de jornada é um ataque histórico à CLT. Nós estamos vendo a crise da segurança pública do Governo Sartori.

Nós estivemos no Colégio Estadual Protásio Alves, hoje, e acompanhamos um caso grave que tem a ver com o desmonte e com a falta de recursos para a segurança pública. Um jovem foi esfaqueado ontem à noite, quando a comunidade escolar, há mais de 15 dias, já alertava para uma quadrilha que fica assaltando na volta, e tem se retirado o direito de um modo global. O Governo do Estado, Governo Sartori, agora está enviando para a Assembleia uma Lei de Diretrizes Orçamentárias que, na prática, congela o salário do funcionalismo deste ano e do ano que vem. E neste contexto de tentar passar para as costas dos trabalhadores a responsabilidade da crise que não é dos trabalhadores, ao contrário, os trabalhadores são a solução dela tanto no que diz respeito aos equipamentos públicos, aos serviços, à construção do País, enfim, vocês, municipários de Porto Alegre, garantiram uma grande conquista. Uma grande conquista com mobilização, com greve, com a garantia de que o efeito cascata não só não significasse perda de 30% no salário agora, como não significasse perda no futuro em um Município que ainda não tem um plano de carreira que valorize o trabalho técnico, que valorize a qualificação e que valorize o conjunto dos municipários que constroem a nossa cidade. Porque, felizmente, vocês ficarão e os governos passarão. Parabéns!

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Jussara Cony): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Essa é uma entidade, como já foi dito aqui, de que poucos se lembram e muitos falam. Muitos falam, quando a gente procura uma banquinha de cachorro-quente, quando chegamos a um restaurante, mas quando há um surto de meningite, como está se falando – duas pessoas morreram em Cachoeirinha de meningite, e é um surto já, porque assusta todos –, então se lembram imediatamente da Vigilância Sanitária: o porquê, o que aconteceu, etc. Quando procuramos a carrocinha de cachorro-quente e ela fechou, dizemos: “Pô, a Vigilância Sanitária fechou a carrocinha de cachorro-quente. Era tão bom o cachorro-quente”. Mas nunca olhamos o que estava por trás da carrocinha de cachorro-quente. E vocês fazem esse papel, o de ver o que está atrás daquele inox, o que está atrás daquela pessoa que nos atende, nos dando essa certeza de que o que nós estamos comendo, o que nós estamos recebendo tem a validade, tem o prazo certo, seja o cachorro-quente, o medicamento, sejam os produtos que a gente absorve. Então esse é um papel muito importante para a nossa Cidade, para a saúde do povo de Porto Alegre. Acho que é um órgão que a Prefeitura de Porto Alegre, com os nossos gestores – não só de Porto Alegre, do Estado do Rio Grande do Sul –, teria que ver com bons olhos, teria que ver com uma certa diferença na questão da saúde pública. Ela é a prevenção da saúde pública. Quanto mais investirmos na vigilância, menos teremos que gastar em remédios, em internações, em hospitais. É a prevenção, é como o agente de saúde da família, está fazendo um papel de prevenção. Quantas pessoas nós vamos evitar que tenham infecção intestinal, meningite, virose, se nós tivermos uma vigilância forte, uma vigilância com bastante acesso a equipamentos modernos, com seus quadros compostos por pessoas capacitadas, preparadas, com um concurso público bem feito. Nós queremos, aqui, em nome do nosso partido, dizer que estamos à disposição, nesta Casa, não somente para ouvir tudo que foi dito hoje, mas no que for preciso para ajudar esse órgão de prevenção na saúde pública na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Jussara Cony): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALBERTO KOPITTKE: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tomei a liberdade, enquanto ouvia a fala da Ver.ª Sofia, de vir aqui por uma experiência pessoal que tive como gestor no período em que fui Secretário de Segurança em Canoas, quando fizemos um trabalho muito integrado com a Vigilância em Saúde lá no Município. Eu descobri, na prática, o potencial inusitado, e talvez inesperado, que poderia ocorrer da integração entre a Segurança Pública e a Vigilância em Saúde, lá do Município de Canoas. Descobri que a Vigilância ­– e a minha irmã é da área de Saúde –, que a concepção epidemiológica e a capacidade de fazer a análise das informações, da produção dos boletins epidemiológicos, isso tudo é o que falta na segurança pública: a capacidade de enxergar muitas vezes as epidemias e compreender, no caso da segurança, o fenômeno da violência como um fenômeno coletivo, de uma doença coletiva, e incidir nele de forma inteligente, como se combate uma epidemia.

Na verdade, eu queria compartilhar essa experiência, porque falo muito em segurança, e as pessoas normalmente associam isso à ideia da repressão que está no imaginário brasileiro: mais cadeia, mais polícia. Mas talvez a solução passe muito mais por um trabalho integrado, por outros tipos de conhecimentos, por outros saberes de forma a que pudéssemos trabalhar, por exemplo, com usuários problemáticos de drogas de maneira preventiva na saúde. As notificações por violência, que chegam aos nossos hospitais, ali nós temos um jovem em potencial perigo, e esse conjunto de informações pode nos fazer trabalhar antes do problema piorar.

É essa nova concepção que talvez nem vocês imaginem, porque, aqui, no nosso Município de Porto Alegre, infelizmente essa concepção preventiva da violência ainda não chegou para um trabalho integrado entre as várias áreas da Prefeitura, para os vários fiscais, que têm um papel enorme. Nós fizemos lá um plantão integrado com a Vigilância e com outras áreas, com a Guarda, com a Brigada, criamos o Observatório, e fizemos 42 noites de plantões integrados, nos dois anos em estive lá, nas sextas-feiras e sábados, das 23h às 6h da manhã. Nas outras noites, a média era de um homicídio por noite, nessas noites de sexta e sábado; nas 42 noites em que trabalhamos juntos, não tivemos um homicídio na cidade de Canoas, então são outras concepções que queria compartilhar. No ano passado trabalhamos juntos, a vigilância em saúde nos trouxe os mapas epidemiológicos da Cidade, dados que nem a Secretaria de Segurança possui, e que vocês têm em mãos. É uma área talvez até desconhecida da população, e se bem potencializada por uma administração que saiba reconhecer o trabalho de vocês, com certeza pode ter consequências maravilhosas para a Cidade, além das que já tem, mas que talvez ninguém imagine o potencial que vocês têm em mãos se trabalhássemos numa concepção integrada e potencializando...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Presidente concede tempo para o término do pronunciamento.)

O SR. ALBERTO KOPITTKE: ...de forma integrada essas áreas de fiscalização do Município. Então só venho aqui me somar à fala da Ver.ª Sofia, dizer que estamos juntos nas lutas de vocês por valorização, por reconhecimento, que a nossa Cidade, com certeza, merece ter o trabalho de vocês bem valorizado. Parabéns por todo o trabalho, e que ele cresça muito no futuro, com novas concepções de administração pública. Acho que nossa Cidade está sofrendo de certos cansaços, de concepções antigas, atrasadas, compartimentadas, e, muitas vezes, como vimos na discussão aqui do efeito cascata, Ver.ª Sofia, trata muito bem a ponta de cima de certas pirâmides dos servidores, e meio que deixa em segundo lado aqueles que efetivamente têm o potencial para transformar a vida das pessoas em nossa Cidade. Parabéns, e contem conosco. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Jussara Cony): O Sr. Anderson Araújo de Lima está com a palavra para as considerações finais.

 

O SR. ANDERSON ARAÚJO DE LIMA: Primeiramente, quero agradecer a esta Câmara, a esta Casa, às Vereadoras Jussara e Sofia, dizer que meus colegas que estão aqui, cada um na sua área, falariam muito melhor do que eu aqui sobre cada tema em específico, e cada tema destes realmente merece um aprofundamento. Mas quero aproveitar essa oportunidade e deixar aqui um desafio para esta Casa: nós precisamos, Vereadora, da revisão do Código integral. A saúde como um todo, as tecnologias e as demandas da sociedade aumentaram muito. O nosso Código é da época da municipalização. Porto Alegre é a Capital do Rio Grande do Sul; 70% da média e alta complexidade estão aqui. Nós temos 1,7 milhão de habitantes, mais uma população itinerante incontável. Então, precisamos que o Código atente para essa nova realidade, que nos instrumentalize para que consigamos fazer, de forma mais adequada, o nosso trabalho, que, como o Ver. Janta muito bem colocou aqui, é de prevenção – nós estamos evitando que as pessoas adoeçam, estamos fazendo um trabalho preventivo, porque é muito mais efetivo prevenirmos do que tratarmos a doença. A mudança no modelo de saúde no País já previu isso, e o que nós estamos tentando fazer diuturnamente, eu e meus colegas – uma característica da Vigilância, que se constituiu de pessoas que são históricas na Vigilância, tenho muito orgulho de fazer parte disso –, é o trabalho de prevenção à saúde.

Então, muito obrigado pelo espaço, deixo aqui esse desafio. Eu e meu colega José Carlos estamos representando as pessoas que fazem esse trabalho, que é silencioso e que aparece quando falha, quando alguma pessoa adoece, mas que acerta todo o dia. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Jussara Cony): Neste momento, resta-nos agradecer. Tenho muita honra, como farmacêutica, de dirigir os trabalhos neste momento tão importante para o conhecimento e para demandas que já estão colocadas. Aqui é a visão também da equipe multidisciplinar: o Anderson é físico, e o José Carlos é veterinário; para ver como o contexto da saúde envolve várias profissões. Tenho que destacar que, quando Diretora do Grupo Hospitalar Conceição – permita-me dizer, Sofia –, no episódio H1N1, a Vigilância do Município de Porto Alegre foi decisiva no processo que envolveu todo o complexo de saúde do Rio Grande do Sul, das orientações dadas a todos os gestores de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. Sobre a demanda que o Anderson coloca, da questão da revisão do Código de Saúde de Porto Alegre, talvez devêssemos encaminhar à Comissão de Saúde e Meio Ambiente, porque estes momentos servem também para que a gente possa absorver as demandas e a Câmara, como um todo, ter esse papel em relação ao Código de Saúde da cidade de Porto Alegre.

Acho que temos que destacar aqui o significado da maioria dos profissionais da Vigilância, profissionais de carreira. Nós temos que valorizar sempre o significado da carreira, e isso nos dá a dimensão aqui, Ver.ª Sofia, do sentido coletivo da Vigilância, porque estão todos aqui, a grande parte dos trabalhadores está aqui. E, desde o início da Vigilância Sanitária, são os construtores da Vigilância no Município de Porto Alegre, e muito capacitados, sempre buscando capacitação. E cito uma coisa que eu estava conversando aqui com José Carlos, acho que é muito importante esta informação, acho que tem que socializar: vocês são referência nacional: referência nacional para a Anvisa, referência nacional para o nosso Ministério da Saúde, na área do sangue, produtos, alimentos, medicamentos. A Vigilância é estratégica – eu, como farmacêutica, destaco – para o uso correto de medicamentos. Vocês são fundamentais para toda esta luta que se tem do uso correto de medicamentos. Então, é a valorização da Vigilância num momento como este, é o reconhecimento da Vigilância pela Câmara Municipal como estratégica para a saúde pública, da prevenção até a alta complexidade. Então, muito obrigada pela presença de vocês, e, com certeza, a partir desta iniciativa da Ver.ª Sofia, nós teremos desdobramentos nesta Casa. Eu sou Vice-Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, e o nosso companheiro de todas as horas, o João, que é Suplente aqui da Bancada do PSOL, já está me fazendo sinal. Quero agradecer a participação de todos, e nós, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, poderemos propor desdobramentos em relação à questão do Código e o significado da Vigilância, desse processo coletivo, e é importante, está sendo filmado aqui, está sendo transmitido. É importante que a cidade de Porto Alegre saiba que, na retaguarda do Sistema Único de Saúde, nós temos a Vigilância. Quero dizer àqueles que dizem que não precisam do SUS: precisam, sim! A Vigilância é o exemplo mais concreto de que todo o povo brasileiro usa o Sistema Único de Saúde (Palmas.), porque a Vigilância nos dá a dimensão do presente e a perspectiva de olhar a gestão púbica para o futuro. Então, muito obrigada, sim, pela participação de vocês, foi um momento importante, e nós vamos disseminar isso via os mecanismos que temos. E um deles é a COSMAM, na qual vocês estão sempre conosco e serão, mais uma vez, convidados, toda essa equipe. Parabéns também ao pessoal da residência; a residência multidisciplinar é ouro para o SUS! Obrigada. Desejo uma boa tarde a todos. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h20min.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Jussara Cony – às 17h21min): Estão reabertos os trabalhos.

Apregoo o Memorando nº 011/15, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que solicita representar esta Casa na visita de Retomada da Obra de Educação Infantil Moradas da Hípica, em Porto Alegre, no dia de hoje, às 14h.

O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, ontem, enquanto o Governo Federal tirava direitos dos trabalhadores, como falamos ontem aqui, a Presidente, através de uma nova Medida Provisória, quer tirar 30% do salário dos trabalhadores brasileiros e dar benefícios, através do FAT, às grandes empresas brasileiras – às montadoras, aos frigoríficos e às grandes construtoras –, em vez de dar incentivo fiscal, incentivo tributário, principalmente na folha de pagamento, às pequenas e médias empresas, os maiores empregadores deste País. O Congresso Nacional referendou ontem no Senado da República estendendo as regras do salário mínimo aos aposentados brasileiros, a esses que veem seus salários minguarem. Ontem saiu em todos os jornais os índices de inflação, aumentando tanto na cesta básica quanto nos outros produtos. O Senado referendou uma emenda do nosso Partido junto à medida que reajusta o salário mínimo, estendendo aos aposentados e permitindo que esses que construíram esta Nação, que contribuíram a vida inteira para a previdência, tenham dignidade, um poder de compra, um salário justo no momento em que precisam mais para medicamentos, para curtirem a vida. Esperamos que quando entrar em votação a medida provisória que beneficia as grandes indústrias brasileiras, que o Congresso Nacional aprove a emenda que o Solidariedade apresentou, que garante o ressarcimento não só 10% do salário dos trabalhadores, mas integralmente. Principalmente, que não fique num comitê para decidir qual a empresa beneficiária, mas a todos os trabalhadores, principalmente os da pequena e média empresa. Presidente, o senhor que tem uma pequena empresa, sabe que hoje mais de 70% dos empregos deste País vêm delas.

Então, elas que nunca são beneficiadas, chegou a hora de o Governo, através dessa medida provisória, beneficiar os maiores empregadores deste País, aqueles que nunca ganham benefícios. Já que o Governo editou a 664 e a 665, alegando que tinha que dar um aporte financeiro para o BNDES, que tinha que dar um aporte financeiro para o Codefat; então que dê esse aporte financeiro. Tirou dinheiro do Seguro Desemprego, do PIS, dos aposentados, do Seguro Defeso; que coloque esse dinheiro no emprego, na pequena e média empresa, no comércio, no serviço, nas pequenas oficinas mecânicas, nas pequenas empresas construtoras, em quem realmente cria e gera emprego neste País, não em quem sempre está se beneficiando dos incentivos do Governo. As montadoras ainda pouco tiveram redução de IPI. Isso saiu dos Municípios, prejudicando-os, pois lá no fundo perderem no Fundo de Participação dos Municípios. Então, estão sempre sugando do Governo, do povo brasileiro. Em nenhum país do mundo, as montadoras ganham tanto dinheiro quanto no Brasil. E agora querem novamente se beneficiar às custas do povo brasileiro. Com muita força, fé e solidariedade vamos garantir e ampliar o direito dos trabalhadores brasileiros. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Mauro Pinheiro reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0262/15 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 002/15, de autoria do Ver. João Derly, que concede o Diploma Honra ao Mérito ao senhor José Alberto Santos de Andrade.

 

PROC. Nº 0600/15 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 058/15, de autoria do Ver. Alceu Brasinha, que concede o título de Cidadão de Porto Alegre, ao senhor Oly Érico da Costa Fachin.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0263/15 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 003/15, de autoria do Ver. João Derly, que concede o Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre à Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional – FECI.

 

PROC. Nº 1418/15 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 026/15, de autoria da Verª Jussara Cony, que concede a Comenda Porto do Sol ao Sindicato dos Farmacêuticos no Estado do Rio Grande do Sul – Sindifars.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Não há inscritos para discutir a Pauta. Está encerrado o período de discussão de Pauta.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h27min.)

 

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